

Edição 739
Memórias e Histórias da Trofa: “Quando o comboio parava em toda a linha”
Por vezes, naqueles momentos de crítica da sociedade, ou até mesmo de resignação da sociedade relativamente à falta de investimentos de capital público na construção dos caminhos de ferro que o comboio não pode parar ou passar em todos os sítios. Uma desculpa muito ligeira para desculpar a falta de investimentos, todavia, no passado tal situação já foi possível de acontecer.
Escrevia-se nos seus primórdios, ainda nos finais do século XIX, concretamente a junho de 1899, que o comboio iria ter horários especiais que tinham o principal prepósito de deixar maior comodidade para o seu utilizador.
A referida comodidade era suportada igualmente na baixa de preço das viagens, para segundo o autor desta ideia, alimentar mais facilmente o número de utilizadores das feiras que se realizavam na cidade berço como também nas restantes localidades que eram servidas pelo caminho de ferro.
A surpresa ocorria no apontamento que era concretizado na cobertura religiosa, referir que os comboios não tinham só paragens em todas as estações, mas, nos vários pontos da linha para materializar e elevar a questão da comunidade, permitindo que o comboio vá parando para largar passageiros e fazer com que o seu nível de atratividade da sua utilização sofresse um enorme crescimento.
O referido modelo de funcionamento iria se compreender entre junho de 1899 e o mês de setembro, ocorrendo igualmente o reforço do número de viagens em ambos os sentidos, para segundo os autores das notícias: “… com concorrência direta para o Porto e para as estações do Minho do norte da Trofa”. Um exemplo flagrante em que a concorrência por vezes é mesmo a melhor amiga dos clientes.
Indagando para fundamentando a importância comercial desta medida, era também justificado com a facilidade de utilização para quem se desejava deslocar para Caldas de Vizela, Taipas e a referida feira que se concretizava na cidade de Guimarães.
Dissecando esta informação presente nos vários artigos realizados pela imprensa local do concelho de Santo Tirso sobre estas alterações é possível perceber e identificar a livre iniciativa no setor ferroviário em que o Estado permitia que uma empresa ou entidade privada investisse e tentasse rentabilizar o serviço público da melhor maneira, o que permitia claramente para o cidadão uma melhoria na sua utilização com mais paragens, mais viagens e até mesmo pagar pela utilização do serviço.
Uns pequenos espirros de um Estado liberal que iria ter o seu término com o passar das décadas, sobretudo após a subida de Salazar ao poder em que após várias promessas de apoios através de reforço de verbas e até mesmo de investimento para com essas empresas privadas de transporte, acabariam por não as concretizar e num momento de elevada independência financeira acabariam por cortar os apoios e assim fazer com que a atividade ferroviária se concentrasse na CP que todos nós conhecemos.
Edição 739
Concessão das barragens da EDP: a anatomia de um golpe

Retóricas novilinguísticas sobre socialismos e liberalismos à parte, o caso da concessão das barragens no rio Douro pela EDP à Engie é um daqueles sinais, por demais evidentes, de um longo historial de vassalagem do Estado aos mais poderosos interesses privados. Este negócio, que remonta a 2019, traduziu-se numa venda na ordem dos 2.200.000.000€, estando sujeito ao pagamento de Imposto de Selo de 5% do valor total da transacção, os tais 110 milhões de euros de que tanto temos ouvido falar nos últimos dias.
No ano seguinte, estávamos nós já demasiadamente ocupados com vírus e outras pandemias, o governo decide alterar o artigo 60 do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) alargando a isenção do Imposto de Selo a qualquer estabelecimento comercial, industrial ou agrícola que esteja abrangido por operações de reestruturação. E o que fez a EDP? Reestruturou-se.
Assim, no final de 2020, a EDP criou uma empresa de fachada, com apenas um funcionário: a Camirengia. Constituído o veículo de apoio à negociata, a EDP transferiu a propriedade das barragens para essa nova empresa, que foi posteriormente comprada por uma outra empresa, a Águas Profundas, criada – imaginem lá – pela Engie. Curiosidade: a Camirengia foi criada a 14 de Dezembro de 2020 e vendida à Águas Profundas cinco dias depois, a 19 de Dezembro. Quase nem deu tempo para levar para lá as barragens todas. Aquele funcionário deve ter tido uma trabalheira que nem é bom pensar. Parecem negócios feitos à moda de uma certa câmara municipal que conhecemos bem.
Na semana seguinte, para não perder o ritmo, a Camirengia e a Águas Profundas, ambas sob controle da francesa Engie, avançaram para um processo de fusão. Estava feita a necessária reestruturação que, juntamente com as alterações ao EBF, levadas a cabo pelo governo, garantiram a tal isenção de Imposto de Selo. Uma fusão realizada a 25 de Dezembro, já com o bacalhau na panela a cozer, que isto é malta que empreende todos os dias, Natal incluído.
Resumindo: à luz da lei portuguesa, criar uma empresa de fachada, para lá colocar um imóvel, e de seguida vender essa mesma empresa a uma outra, com a qual posteriormente se funde, é uma reestruturação. Só que isto tem tanto de reestruturação como esta sandes mista que estou a comer tem de cabrito assado. No fundo, estamos perante mais um assalto ao contribuinte, com o alto patrocínio da passividade colaboracionista de um governo que facilitou o esquema e depois assobiou para o lado, fazendo de conta que não era nada com ele. Apesar de estar a par de todos os passos deste esquema, e de ter sido alertado para a possibilidade de fuga aos impostos. Mais um prego no caixão da democracia, com o alto patrocínio do Partido Socialista.
Edição 739
Escrita com Norte: Novo mundo

Se por norma odeio ser acordado pelo despertador, que me lembra que é cedo e tenho de ir trabalhar, puxando-me para a realidade da minha condição de remediado e dependente de um salário, hoje, sábado, adorava que tivesse dado sinal de vida, não fosse a bateria do telemóvel ter acabado.
Liguei a televisão num dos canais de notícias, que dava a mesma não novidade dos últimos meses, e horrorizo-me com a hora que a televisão me mostra…11h43m.
Coloco o telemóvel a carregar e dou passos em direcção à casa de banho…ele toca.
“Logo agora!” – penso eu.
Desfaço os passos dados e pego no telemóvel. Apesar da pressa, queria saber a pessoa que eu não iria atender…é o Miguel.
Sempre que falamos, ele lembra-me que nunca atendo as chamadas à primeira, coincidindo os seus telefonemas com os momentos em que estou no trabalho, no ginásio ou a conduzir, mas ligo à primeira oportunidade.
Como o estado de “pressa” em que me encontrava não se enquadra num dos estados anteriores, “trabalho”, “ginásio” ou “condução”, por fortes motivos morais (ele é meu amigo desde a primária) vi-me obrigado a atender, não sem antes ter expressado um, “Fogo, tinhas que ligar agora!”.
- Estou, Miguel! Diz? – atendo de forma apressada.
- Tudo bem? – pergunta-me
- Estou com pressa. – e explico-lhe – ontem conheci uma miúda a meio do corredor de casa e convidei-a para sairmos hoje. Combinamos, no mesmo sítio, a meio do corredor, em frente a um espelho que lá tem, ao meio dia e pouco.
- Não te preocupes – diz ele – pela minha experiência com o sexo feminino, meio dia e pouco é sempre depois da meia hora, quase uma. Se fosse meio dia e pico, isso seria até ao meio dia e vinte, mas nunca antes do meio dia e quinze.
Estas palavras do Miguel deram-me tempo e em troca dei-lhe pormenores. - Vou levá-la a almoçar fora, arrancamos do corredor e vamos até à cozinha…
- Olha, se o tempo estiver bom, conheço um restaurante muito bom, chama-se “Varanda”. – sugere.
- …Depois vamos em passeio até à sala e apreciar a paisagem, a decoração é muito bonita,…
- Ela é boa?
- …não é exagerada nem demasiado minimalista, depois vamos ao cinema num qualquer canal de televisão, vou arriscar dar-lhe a mão!
- E ela é boa?
- …Vai ser um dia em grande! Estou a pensar regressar ao quarto de dormir só à noitinha…depois de passar pelo quarto de despir.
- Ui, e ela è boa?
- Chama-se Cristina! Penso deitar-me com ela todas as noites!
- Então ela è mesmo boa?!!!
- Sinto que a mulher que conheci ontem a meio do corredor, conheço desde sempre…esta casa é um mundo!
- Por falar em mundo. Ouvi dizer que os cientistas descobriram vida fora das casas e condomínios, em pequenas luas chamadas de “esplanadas”. Amanhã sou capaz de ir a uma delas de escafandro e botija de oxigénio! Queres vir?
- Não, Miguel! Olha, agora tenho de ir. – e desliguei o telemóvel.
Sempre fantasioso, o meu amigo Miguel!
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