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Ano 2012

Padre da Trofa é campeão europeu de futsal

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Rui Mota Alves é um dos padres campeões europeus, no campeonato, que se disputou na Hungria. Vigário dedicou a conquista ao padre Manuel Domingues e às paróquias do Muro, S. Mamede e S. Romão e agradeceu o patrocínio do Grupo Proef.

Bíblia, batina e bola de futsal. À primeira vista, este conjunto pode não fazer sentido, mas foi com ele que Portugal arrecadou um título europeu. A seleção de padres portugueses venceu o 6º campeonato europeu de futsal da categoria, na quinta-feira, 9 de fevereiro, na Hungria. E no seio do plantel luso estava um atleta, ou melhor, um padre da Trofa. Rui Mota Alves, vigário do Muro, S. Mamede e S. Romão do Coronado, estreou-se na equipa e  classificou a experiência como “espetacular”. 

Os portugueses venceram a final contra a Croácia, cujo resultado foi 5-4, resultado obtido depois da marcação de grandes penalidades. Portugal jogou com seleções como a Eslováquia, Roménia, Ucrânia, Áustria, e Bósnia-Herzegovina, sofrendo apenas uma derrota, na fase de grupos, com a Polónia. A oportunidade de fazer parte do grupo surgiu quando “alguns amigos de Vila Real”, com os quais Rui Mota Alves estudou no seminário, o convidaram para ir a alguns treinos de pré-seleção no Marco de Canaveses. Passoua ir todos os domingos, até que a experiência tornou-se num projeto cimentado. “Começamos a treinar de forma séria, inclusive, fizemos um estágio em Lamego, em janeiro, e começou a aventura”,  contou.

A ideia de fazer um torneio europeu assentava nos pressupostos de que os párocos “se juntassem e, para além do futebol, rezassem, trocassem experiências culturais e pessoais”.

Ordenado há sete meses, Rui Mota Alves é um dos 12 sacerdotes da seleção das “quinas” que fizeram parte do lote de 11 equipas participantes no campeonato europeu. A Espanha foi “baixa” de última hora, pois não conseguiu participar.

Desengane-se quem pensa que os padres são “pés de chumbo” no que toca a dar uns chutos na bola. Exemplo disso era a presença de um sacerdote croata, que já jogou na Bundesliga. “Há gente muito boa e quatro ou cinco equipas muito talentosas”, confirmou Rui Mota Alves. E claro, como não podia deixar de ser, também a formação lusa tem “craques”, mas o padre tem a certeza que foi o valor coletivo que fez a diferença: “O melhor jogador foi a equipa”. Esta premissa retirada do meio futebolístico vai de encontro à tese que sustenta a vida: “Juntos, somos mais fortes do que individualmente”.

Rui Mota Alves acredita que este título da equipa pode ser um testemunho para quebrar a corrente que amarra a sociedade, que pensa que “sozinha pode fazer tudo sem precisar de mais ninguém”. Um dos pontos fortes da seleção portuguesa foi “defender muito bem” e ter uma referência no campo como “o padre Gil”, um “verdadeiro capitão”, “grande comunicador no balneário” e “um excelente jogador”.

A equipa de Portugal é composta por dois sacerdotes da diocese do Porto, três de Viana do Castelo, dois de Braga, quatro de Vila Real (campeã nacional de dioceses) e um de Lamego.

E como é que os jogadores se portam dentro das quatro linhas? Rui Mota Alves assegura que “não há insultos ao árbitro”, porque “não se esquece que o objetivo claro é a confraternização”.

Mesmo que os árbitros sejam de leste e a maioria das equipas também. “Podíamos era dizer uma ou outra palavrita menos bem dita por falharmos um remate, mas tudo em clima de paz sem nada de agressividade”, assegurou.

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Paróquias trofenses “rezaram” pela vitória lusa

Rui Mota Alves estreou-se como representante luso no Europeu e classifica a experiência como “espetacular”… e exigente. Na terça-feira, o pároco ainda se sentia “exausto”. “Foi muito violento, mas valeu a pena todo este sacrifício”, desabafa. Se a noite da consagração “foi uma grande festa”, com cânticos e umas cervejas a acompanhar, mas “com responsabilidade”, já a chegada a Portugal foi quase apoteótica. Muitas foram as pessoas que aguardavam os campeões europeus no aeroporto. 

Neste torneio, a equipa contou com apoios “de peso”. Rui Mota Alves aproveitou para agradecer ao Grupo Proef, na pessoa de Paulo Sousa, que “desde a primeira hora” se dispôs a ajudar com “o patrocínio nos equipamentos, fatos de treinos e sweats”. “Foi o único patrocinador, juntamente com a Mikasa, que nos fornece as bolas todos os anos”, acrescentou. Rui Mota Alves dedicou a vitória “ao padre Manuel Domingues, que possibilitou que pudesse treinar e estar fora durante a semana”, e “às comunidades de S. Mamede, S. Romão e Muro”. “Recebi muitas mensagens das pessoas e na parte final do domingo que passou agradeci-lhes as orações que fizeram para que as coisas corressem bem. Felicitaram-me bastante e ficaram contentes e eu senti uma grande alegria por parte delas e um certo orgulho por terem um campeão europeu”, afiançou.

Para o próximo torneio europeu, que já tem lugar marcado na Eslovénia, Rui Mota Alves acredita que a equipa pode “escrever uma página engraçada na história”, porque, sublinha, “modéstia à parte, jogamos mesmo muito bem”. “As pessoas quase nos pediram para cantar o hino, porque nós fazêmo-lo com muita alma”, frisou. “A chave da nossa vitória esteve aí, porque havia equipas, tecnicamente, superiores, mas é na garra e na entrega que está o sucesso no futuro. Mas temos que trabalhar já para que no próximo ano possamos ganhar novamente o troféu”, complementou. Aliás, os paroquianos sabiam da sua participação no torneio, porque “na relação do padre com as paróquias tem de haver verdade e transparência”.

Futebol “é um meio de evangelização”

Com 28 anos, Rui Mota Alves, um envergonhado assumido, é portista de gema e tem como referências o antigo “patrão” da defesa azul e branca, Jorge Costa, e, claro está, o lendário guardaredes Vítor Baia. Já teve convites
para ser treinador de uma tuna universitária em Oliveira do Douro e às quartas-feiras costuma juntar-se com padres da Trofa, como Luciano Lagoa e Bruno Ferreira, e alguns de Santo Tirso e Vila do Conde, para uma “futebolada”.

O padre não tem dúvidas que o futebol “é uma forma de aproximar os miúdos” e por isso anda sempre com uma bola na mala do carro. “Eu estive fora do seminário um tempo e dei aulas de Educação Moral. Tinha um aluno
muito problemático e fazíamos programas de acompanhamento até que eu percebi que ele gostava de futebol. Comecei a andar com a bola e, de vez em quando, chamava-o para jogar com ele e os amigos nos intervalos.

Foi a partir daí que ganhei confiança com ele”, afirmou. Rui Mota Alves não tem dúvidas que o futebol “é um meio de evangelização”, não a bola em si, que se assume apenas como “o elo de ligação” entre as pessoas.

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