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Edição 670

Os anjos de farda

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Estão presentes nos momentos mais delicados da vida humana. Estão presentes no nascimento, na doença, na prevenção, na cura, na morte. São anjos vestidos de farda, que têm uma das profissões mais nobres. Apesar das dificuldades do setor, dos turnos extenuantes e dos cenários complexos, estes profissionais nunca viram as costas ao doente e têm sempre uma palavra, um sorriso e um abraço para dar. O NT conta um pouco da história de cinco enfermeiros que, em Portugal ou no estrangeiro, tentam dignificar a classe que representam.~

Márcia Azevedo

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A enfermeira que canta para os doentes

Ficou mais conhecida quando decidiu subir ao palco do Got Talent Portugal e mostrar o talento no canto lírico. Mas não é da música que Márcia Azevedo vive. Esta trofense, radicada na Suiça há cerca de três anos, é enfermeira e neste país conheceu condições que os profissionais nesta área “não encontram em Portugal”. Por isso mesmo, duvida que consiga manter-se nesta área profissional se voltar a casa, um cenário em equação.
Cá dentro, Márcia só adquiriu experiência “durante os estágios universitários”, mas teve oportunidade de experimentar “quase todas as áreas”, como “obstetrícia, pediatria, psiquiatria e medicina”. “O estágio de integração à vida profissional foi o mais longo, cerca de seis meses e foi num bloco operatório”, contou.
Com o sonho de ser cantora sempre presente, Márcia equacionou não seguir a área da enfermagem – e cancelou a viagem para a Alemanha – quando conseguiu ingressar na licenciatura em canto, mas a vida trocou-lhe as voltas. “Entretanto, conheci o meu marido que emigrou para a Suíça. Decidi ir apenas por um mês para fazer um curso intensivo de alemão e surgiu a oportunidade de trabalhar numa clínica e fazer o curso de alemão ao mesmo tempo e fui ficando. Fui muito bem recebida e os enfermeiros portugueses são muito valorizados”, frisou.
Durante três anos, a jovem trofense trabalhou numa clínica privada com serviços de geriatria, demência e psiquiatria,sendo esta a área onde esteve integrada. Nesta clínica, Márcia conciliava a enfermagem com a paixão pela música, através de um projeto no qual cantava com os pacientes músicas pop/rock dos anos 70 e 80. “Foi muito gratificante e cheguei a fazer um concerto com eles”, lembrou.
Atualmente, está a trabalhar numa clínica de psiquiatria e de geriatria, num serviço mais focado nos cuidados paliativos, mas também aqui viu uma porta aberta para o desenvolvimento de um projeto musical. “Felizmente estou na Suíça que é um país que valoriza imenso a cultura e também tenho a sorte de até agora ter tido chefes de serviço muito compreensivas e que me facilitam os horários para poder conciliar com os horários da ópera”, contou.
Da área profissional em que se formou, Márcia retira várias experiências positivas, principalmente através de “todo o contexto empático” que desenvolve com as pessoas que cuida. De todo o tipo de serviço associado a um enfermeiro, a jovem destaca “o acompanhamento das atividades de vida diária”, uma vez que “a grande maioria” dos doentes “perderam a capacidade de tomada de decisão”.
O regresso a Portugal não está fora de hipótese, até porque a distância é o obstáculo mais difícil de gerir. “Gostaria muito de voltar a Portugal, até porque na Suíça sou apenas eu e o meu marido e também toda a minha educação tem por base a valorização da família e eu sinto falta da minha”, admitiu. Mas com o regresso, confessou, a realidade profissional pode mudar radicalmente: “Não sei se voltaria para trabalhar como enfermeira. Na Suíça, as condições são extraordinárias e não sei se seria capaz de me sujeitar às condições que muitos enfermeiros em Portugal estão sujeitos”.

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