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Edição 605

Ortodoxos celebram o Natal em Dia de Reis

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Sete de janeiro é dia de Natal para a Igreja Ortodoxa. Na Trofa, os ortodoxos reuniram-se na Igreja Matriz de S. Martinho de Bougado, na denominada por eles paróquia de Santa Catarina, numa celebração de vésperas solenes presidida por Arquimandrita Philip, vigário de Portugal e Galiza, juntamente com dois sacerdotes. 

Apesar de acreditarem no mesmo Deus e no seu filho Jesus, católicos e ortodoxos distinguem-se pelas cerimónias e ritos litúrgicos. Desde logo, o nascimento de Jesus é assinalado em alturas diferentes. Se para os católicos Deus Menino nasce a 25 de dezembro, para os ortodoxos o nascimento acontece apenas a 7 de janeiro, sendo que as celebrações de Natal começam quando a primeira estrela aparecer no céu na noite do dia 6 (do nosso calendário), momento em que os cristãos ortodoxos se reúnem em casa, à volta da mesa de jantar, antes de seguirem para a missa vespertina. Este é, segundo o rito bizantino oriental, o momento que marca o início da véspera de Natal.
Para a Igreja Ortodoxa, antecedem ao nascimento de Jesus “40 dias de jejum, e na véspera de Natal é tradição, sobretudo para as famílias ucranianas, não comer, é um jejum estrito”, explicou o Padre Basílio Savchuk. Os primeiros pratos são servidos à noite. São 12 e “não têm carne nem leite, é à base de peixe”. Esta ceia, que encerra o período da ‘Pelêpivka’ (quaresma de preparação ao nascimento do Filho de Deus), também não inclui gordura animal, e os 12 pratos estão relacionados com os apóstolos de Jesus e as 12 tribos de Israel, um número que no livro sagrado está associado à plenitude. Nesta noite o prato principal é a ‘Kutia’, um doce à base de trigo cozido com mel e sementes de papoila, ingredientes típicos dos doces orientais. O alho, a cebola, o sal e o pão também entram na ementa, como símbolos de riqueza e prosperidade. No dia de Natal e nos dois dias seguintes, as refeições são à base de carne fumada e muitos vegetais.
A cerimónia litúrgica é antecedida por cumprimentos dizendo “Jesus vai nascer”.
No dia de Natal, 7 de janeiro, pelas 18 horas, os cristãos ortodoxos da Trofa e arredores celebraram com grande solenidade as Vésperas Solenes do Natal.
Os cânticos animaram a celebração onde todos se saudaram com a frase “Xrestós Rodêvcia – Slavimo Iohó (Cristo nasceu – Glorifiquemo-lo). Durante a celebração recitou-se ainda o Pai Nosso em três idiomas: espanhol, inglês e português.
Na despedida, o sacerdote anuncia: “Jesus nasceu”, termo usado pelos ortodoxos nos três dias de festa.
Depois da celebração, seguiu-se um jantar-convívio entre todos os participantes da celebração, cuja ementa foi à base de vegetais, carne e ovos, com vários pratos à disposição, onde não faltou o cozido. Quanto aos doces, destaque para o bolo onde se lia “Jesus nasceu”.

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Ortodoxos não celebram o Dia de Reis

O calendário é diferente para católicos e ortodoxos. No dia em que os católicos celebram os Reis, os ortodoxos assinalam o nascimento de Jesus, isto porque a Igreja Ortodoxa não aceitou a reforma do calendário que o papa Gregório XIII levou a cabo em 1582. Assim, os ortodoxos continuam a guiar-se pelo calendário juliano, criado por Júlio César, em 45 antes de Cristo, que conta com mais 13 dias do que o calendário gregoriano. Desta forma, o dia 25 de dezembro para os ortodoxos corresponde ao dia 7 de janeiro para os católicos apostólicos romanos.
Os ortodoxos celebram “o nascimento de Jesus, o recebimento e adoração dos Magos, e, no dia 6 de janeiro, celebram o batismo do Senhor, que se chama Epifania”, esclareceu o Padre Basílio que, descreveu, “muitas vezes leva-se a água benzida neste dia e benzem-se as casas e os animais”, como os católicos fazem na Páscoa, porque “Cristo entrou nas águas do rio Jordão, benzeu e santificou todas as águas de Jordão e de todo o universo”. “O Dia de Reis não temos”, assegurou o sacerdote.
A troca de presentes também acontece entre ortodoxos, mas não com o mesmo significado. Se para os católicos é o Menino Jesus ou a figura do imaginário da maior parte das crianças, o Pai Natal, que distribuem os presentes, na noite de 24 ou na manhã de 25 de dezembro, para os ortodoxos as prendas chegam logo no arranque do mês, a 4 de dezembro, no dia de S. Nicolau, um santo popular entre os cristãos e conhecido pela sua generosidade. “O nascimento de Cristo não é nada mais do que este poder de salvar todos os homens”, afirmou o Padre Basílio Savchuk.
Há 37 comunidades ortodoxas em Portugal e norte da Galiza e, apesar da tentativa de aproximação entre católicos e ortodoxos, encetada pelo Papa João XXIII, na década de 60, continuam a existir entraves. O papa João Paulo II não deu continuidade a essa união cristã, mas “nos últimos anos deram-se grandes passos”, afirmou o sacerdote, referindo-se ao Papa Francisco e ao seu encontro com os Patriarcas de Constantinopla e, ultimamente, o de Moscovo, “considerada uma forma de união entre os cristãos”, acreditando que no futuro essa aproximação possa mesmo acontecer.

 

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