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Edição 623

O último cigarro

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Nos últimos dez anos, mais de “meio milhão de portugueses” deixou de fumar. Este dado torna-se ainda mais relevante quando percebemos que o número de ex-fumadores se tornou maior do que o de fumadores. Estes são os dados mais recentes publicados pela Direção Geral de Saúde, em 2016, no relatório “Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números 2015”.
Para quem ainda duvida da mensagem, cada vez mais propagada, “Fumar mata”, os números corroboram a sua veracidade. Em 2013, o tabaco foi responsável pela morte de “12 350” pessoas em Portugal (11 por cento dos óbitos). Matou mais homens do que mulheres, principalmente na faixa etária dos 50 aos 59. No entanto, desde 2005 o número tem vindo a decrescer. Nos consumidores com mais de 15 anos, entre 2005 e 2014, o consumo global de tabaco desceu quase um por cento. Os consumires diários desceram em quase dois por cento e os ex-fumadores aumentaram seis pontos percentuais, passando de 16,1 para 21,7.
Deixar de fumar pode não ser uma decisão fácil mas, além dos benefícios para a saúde, vai aliviar a vida financeira.
Assim sendo, O Notícias da Trofa foi à procura de casos de sucesso de trofenses que deixaram de fazer do cigarro um dos seus melhores amigos.

“Sem força de vontade não acredito que seja possível deixar o vício”

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Vítor Hugo Sousa começou a fumar aos 14 anos, devido “à convivência e o hábito de ficar pelos cafés e salões de jogos”. “O tabaco sabia-me bem e, em períodos mais longos sem fumar, como 24 horas, notava que tinha alterações do humor, que deixavam de existir após fumar um cigarro”, descreveu ao NT. Depois de duas tentativas falhadas, Vítor deixou de fumar em junho de 2015, porque “já não sentia uma necessidade tão forte de fumar”. Não foi tarefa fácil, principalmente nos momentos do dia em que já fazia parte da rotina fumar o seu cigarro, nomeadamente “após as refeições e o café”. “Determinação” foi o que Vítor Sousa precisou para não cair novamente na tentação. “Sem força de vontade de deixar de fumar não acredito que seja possível deixar o vício. Só com uma convicção forte se consegue deixar”, revelou o ex-fumador. E se se pergunta o que mudou na vida de Vítor depois desta decisão, o próprio explica: “Ligeiro aumento de peso e redução significativa (ausência) de tosse e catarro”. “Sem o tabaco, o paladar altera significativamente e o apetite também aumenta”, concluiu.

“Durante as horas de trabalho incentivava as outras pessoas  a deixar de fumar”

Fernando Faria é outro caso de sucesso. Ainda jovem, com 16 anos, via o “colega de trabalho fumar” e, por “vaidade”, começou a pedir-lhe cigarros. Depois, começou a comprar. “O vício é difícil de descrever, sente-se vontade e lá se diz: ‘vou fumar um cigarro’”, explicou ao NT. A decisão de dizer ‘basta’ foi tomada “em conjunto com mais colegas”, primeiro “com ajuda de umas gotas durante 15 dias e depois foi mesmo dizer não”, principalmente “pela idade”, relembrou. Mas a vontade de fumar um cigarro sempre aparece e, nessas alturas, Fernando “procurava ter força e aguentar”. Fernando Faria confidenciou ao NT que “durante as horas de trabalho incentivava as outras pessoas a deixarem de fumar”, dizendo “que não custava nada”. Depois de deixar o cigarro, Fernando engordou “12 quilos”. Mas manteve a convicção e já lá vão “37 anos” sem pegar no cigarro.

“Conseguir lugar sentado em frente a um grande fumador era o paraíso”

O primeiro maço de tabaco adquirido por José Magalhães Moreira foi de marca “Porto” e custou-lhe “quatro escudos”. Tinha 15 anos e o vício perduraria por cerca de 35 anos. Começou por fumar “cinco cigarros por dia, que custavam um escudo”. Dose que manteve por “alguns anos por falta de dinheiro”. “Quando casei, em 1970, fumava, em média, 30 cigarros diários”, recordou. O número de cigarros diários foi aumentando e José chegou a considerar em “internar-se para desintoxicar”. “Lábio e dedos queimados, dentes negros, dificuldades respiratórias e, todas as manhãs, quando me levantava, passava mais ou menos meia hora a expetorar um fluído da cor do carvão, logo de seguida, dirigir-me à janela para fumar o primeiro cigarro do dia e só depois tratava da higiene normal”. Era assim que José Magalhães Moreira iniciava o dia. Quando chegava ao Porto, cidade onde trabalhava, “já tinha fumado ‘cinco cigarros’ e só depois ‘ matava o bicho’ com um café, que era tudo que consumia até ao almoço”, completou. Um dia decidiu deixar de fumar. “Ao fim de dois dias já não conseguia superar a privação, mas persistia na luta e não comprava nem ‘cravava’ cigarros. Inconscientemente, arranjei um estratagema: em todos os sítios onde estivesse procurava alguém a fumar e paulatinamente aproximava-me. Quando o fumador expelisse o fumo, imediatamente eu inspirava para absorver a maior quantidade possível”, revelou o ex-fumador. “Conseguir lugar sentado em frente a um grande fumador era, passe o exagero, atingir o paraíso”, completou José Moreira. Esta seria a primeira tentativa, que não durou mais do que “15 dias”. Haveria ainda mais uma, que durou “quatro anos”. Já lá diz o ditado “à terceira é de vez”. E foi. José Magalhães Moreira já não sabe o que é fumar há 20 anos. Deixou de incluir os “80 cigarros diários” na sua rotina, mas ainda hoje há sinais deles no seu corpo. “Ainda hoje quando radiografo os pulmões me perguntam quantos cigarros fumo”, asseverou.
A decisão de deixar de fumar foi única e exclusivamente sua. Sentia-se “a abafar”, por isso quis mudar de vida. Fechou-se em casa durante dois dias e fumou todos os cigarros que tinha. Depois disso, nunca mais fumou. “Nos primeiros oito dias a privação foi muito difícil de suportar. Todo eu tremia. As artérias e veias dos braços pareciam prestes a explodir”, descreveu José. Desde então, nota uma “grande melhoria no bem-estar físico”. “Só me apetecia correr”, garantiu.
Apesar de ter deixado de ser fumador há 20 anos, ainda hoje José Magalhães Moreira não consegue dizer que “jamais fumará”. “Acho que se fumar um cigarro, voltarei ao vício”, finalizou.

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