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Edição 433

O país não precisa de um líder (in)Seguro

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O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, meteu-se numa alhada tremenda, ao travar a remodelação governamental anunciada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que propôs uma nova estrutura governamental com o líder do CDS, Paulo Portas, a vice-primeiro-ministro, com a coordenação da área económica, das negociações com a “troika” e da reforma do estado. Em alternativa, Cavaco Silva decidiu fazer uma intervenção pública a apelar aos três partidos políticos do arco da governabilidade (PSD, PS e CDS) para se entenderem num “compromisso de salvação nacional”.

As conversações entre o PSD, CDS e PS, para um “compromisso de salvação nacional” foram um exercício de hipocrisia política, pois sabia-se à partida que ia ficar tudo na mesma. As pressões exercidas, desde o início, sobre o líder do PS, António José Seguro, foram muitas. O líder do PS, que ficou entalado entre a espada (Presidente da República) e a parede (alguns dinossauros do Partido Socialista), teve uma oportunidade de se afirmar como um verdadeiro líder, mas decidiu escolher o caminho do “suicídio político” ao terminar, de forma abrupta e desastrada, o fim das conversações. O seu tempo de liderar os socialistas chegou ao fim do prazo de validade

O líder socialista mostrou que é um líder fraco, com um fim à vista e sem margem de manobra para negociar com quem quer que seja. Se António José Seguro tivesse assinado o acordo, teria ganho aos olhos dos portugueses, uma dimensão de Estado, que nunca teve. O próprio Partido Socialista mostrou que é um partido só preocupado com o seu interior e com a ambição do poder. Atingir o poder a qualquer custo é típico de um partido pouco responsável, politicamente.

Em toda a nossa História, nunca estivemos tão dependentes como agora e, também por isso, precisamos de partidos e de políticos que coloquem o país e os portugueses acima dos seus interesses partidários. O país não precisa de um líder (in)Seguro. Um governo socialista, com este líder, conduziria o país a uma tragédia e assim sendo, não fazia qualquer sentido convocar eleições antecipadas para entregar o poder a este partido, que não merece. O país e os portugueses merecem muito melhor.

Cavaco Silva, depois de mais este erro que cometeu, inclusive ter anunciado uma coisa inédita em Democracia: a “morte a prazo” da Assembleia da República, retificou o erro e não marcou eleições antecipadas. Foi uma excelente decisão, pois a incerteza dos resultados eleitorais, poderiam deixar o país numa situação ingovernável.

Com toda esta crise, a maioria saiu mais forte e até mais reforçada. O Governo, como órgão de soberania que o é, não responde perante “assembleias populares” de rua, organizadas pelos tradicionais “comités”, mas responde perante a Assembleia da República. É assim desde a revisão constitucional de 1982, a tal Constituição que muitos acenam quase permanentemente para falar de “direitos adquiridos”, mas que se esquecem dela quando não lhes convém. É a nossa democracia no apogeu da política “bolorenta”. A Assembleia da República é eleita pelos portugueses para um mandato de quatro anos. Cumpra-se!

José Maria Moreira da Silva

moreira.da.silva@sapo.pt

www.moreiradasilva.pt

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