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Edição 693

O Largo da Vergonha

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O Largo do Cruzeiro, para quem não se esteja a situar, é aquela espécie de cruzamento de várias estradas, com um cruzeiro bem no centro, que fica ali a meio do caminho entre a Igreja Matriz e o cemitério de São Martinho de Bougado.

Cada vez mais central, principalmente desde a construção da Alameda da Estação, o Largo do Cruzeiro é uma zona bastante movimentada, à volta do qual se concentram vários serviços de elevada procura, como o Cartório do Registo Civil, a Estação dos CTT e as Finanças.

O movimento desta zona, contudo, não se esgota nos serviços ali situados. Não só se encontra numa situação paralela ao corredor central da cidade, como é passagem obrigatória para cortejos fúnebres e para fiéis católicos que optam por ir à missa na Igreja Matriz. Existem ali vários cafés e lojas, a sede da Cruz Vermelha da Trofa, a Casa Paroquial, o quartel dos Bombeiros mais abaixo, e, mais recentemente, a sede do Grupo Vigent, casa-mãe de empresas como a Metalogalva ou a Brasmar.

Esclarecidos que estamos sobre a centralidade e importância do Largo do Cruzeiro, onde, durante a semana, vale tudo para estacionar viaturas, seja em cima dos passeios, seja literalmente no meio da ambígua faixa de rodagem, apesar da abundância de estacionamento nas imediações e sem que as autoridades e gestão local levantem um dedo para alterar tal situação, a questão que se impõe: para quando uma intervenção camarária naquela zona?

O piso, de um paralelo irregular com falhas que mais parecem buracos, é absolutamente impróprio para peões. A falta de civismo de alguns, que os leva a estacionar em qualquer sítio, torna a vida desses mesmos peões ainda mais difícil. A ausência de marcações naquela massa imensa de estrada, que ninguém percebe muito bem, leva a situações confusas e ao ocasional acidente rodoviário. Atravessar a estrada, para quem está, por exemplo, na Cruz Vermelha, e pretende passar para a Conservatória, é um exercício arriscado. Não existe uma passadeira nas imediações. Não há visibilidade. Quase não existe sinalização.

Recentemente, foram efectuadas obras naquela zona. Foi derrubado o muro ao longo da Rua Monge Pedro, rua que viu o seu pavimento parcialmente requalificado, e criados vários lugares de estacionamento, que ainda assim parecem não ser suficientes para aqueles que continuam a estacionar no meio da estrada, mesmo à volta do cruzeiro, como se nada fosse. O Largo do Cruzeiro, contudo, manteve-se disfuncional e perigoso. Em suma, a vergonha que é há décadas, ilustrativa da inércia que caracteriza 20 anos de gestão autárquica medíocre.

Estranhamente (ou talvez não), 20 anos após a criação do concelho da Trofa, não houve um único autarca que tenha tido a preocupação de requalificar aquela zona, onde de resto quase todos fizeram campanha eleitoral. O actual executivo, que não se cansa de falar nas contas que colocou em ordem, sem nunca fazer referência a quem negociou e quem beneficiou do PAEL, ou fazendo de conta que a elevadíssima carga fiscal que pende sobre todos os trofenses não é, única e exclusivamente, uma opção política muito clara do executivo Sérgio Humberto, não mexeu, em 6 anos, uma palha que fosse para alterar aquele estado de coisas. Talvez mais perto das próximas Autárquicas, ou até como trunfo eleitoral para as Legislativas deste ano, tenhamos alguma novidade sobre este tema. Até lá, o futuro continuará a não passar pelo Largo do Cruzeiro. Só a vergonha e o perigo constante para todos os que ali passam diariamente.

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Edição 693

António da Costa Ferreira (1879-1937): Um dos primeiros empreendedores trofenses do Século XX

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António da Costa Ferreira nasceu a 14 de maio de 1879, no Paranho, freguesia de São Martinho de Bougado. Era filho de António da Costa Ferreira e de Maria da Costa Dias. Descendente de pais humildes – o pai foi emigrante no Brasil -, nasceu para o progresso e prosperidade da sua terra.

Fez-se comerciante. O pai tinha-lhe deixado uma loja de mercearia que ele alargou a fazendas e miudezas. Entretanto, como as fazendas não se vendiam, resolveu contratar um alfaiate. Estabelecido o alfaiate, começou a vender. Como havia nesta região apenas uma fábrica e era de serração, resolveu arriscar. Primeiro fundou a empresa com dois sócios- Manuel Campos e Alfredo da Costa Peniche- e deu-lhe a designação de Costa, Campos & Ferreira e destinava-se a fabrico de chapéus de feltro. Esta fábrica situava-se na zona do atual Largo Costa Ferreira e foi inaugurada em 1 de setembro de 1913.

A seguir, ajudou (em 1922) a fundar a Moagem- a terceira fábrica em São Martinho de Bougado -, na Avenida de Paradela. E finalmente, esteve ligado, nesta região, a uma fábrica de Tecidos e Serração, situada junto à Avenida de Paradela, cujo nome se designava por Monteiro, Carvalho & Portela.

Casou com Francelina da Silva e Sá, também natural de São Martinho de Bougado.

António da Costa Ferreira era um homem justo e extremamente sensível à necessidade do próximo. Foi um dos fundadores do Clube Trofense. Chegou a vereador e até a vice-presidente da Câmara de Santo Tirso.

Quando ainda não havia movimentos ambientalistas, ele foi um dos que se opôs ao abate de centenárias árvores (plátanos), junto à ponte do Rio Ave (Santo Tirso), erguendo a sua voz, determinada e persuasiva, nestes termos: “-O quê?… Destruir aquilo que demorou tantos anos a criar? Não. Não pensem nisso. Cuidem de plantar mais, isso é que é necessário.”

E os plátanos ainda hoje lá estão… velhinhos. Foi também um dos grandes impulsionadores e defensores da abertura da agora chamada Avenida de Paradela.

Costa Ferreira era um político republicano convicto, mas punha a amizade entre as pessoas à frente do credo político. Como grande visionário que era, e crente num futuro promissor para a Trofa, era voz corrente(vox populi) ao longo dos anos setenta, oitenta e até noventa do século passado, de que a sua casa , construída no largo que agora tem o seu nome, fora concebida e predestinada para os futuros Paços do Concelho… da Trofa.

Este bairrista trofense faleceu a 17 de março de 1937, antes de completar a sua obra: deixou por acabar a obra planificada e projetada de alindamento, leia-se, arborização do Parque de Nossa Senhora das Dores, assim como já não teve tempo de construir o hotel que chegou a elaborar em projeto.

António Costa

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Casa cheia na apresentação do “Voluntariado pelo mundo”

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Foi num ambiente intimista e de partilha de vivências que Silvano Lopes apresentou o livro “Voluntariado pelo Mundo”, a 3 de maio, na sede do Clube Slotcar da Trofa.

Foi com a casa cheia e entre dois amigos de longa data, João Mendes e Francisco Barros, que Silvano emocionou a plateia com as histórias que viveu nos países onde fez voluntariado, Camboja, Guiné-Bissau e Quénia, terras longínquas, onde a água potável e a eletricidade são considerados bens de luxo.

A pobreza extrema esteve sempre presente em todas as missões realizadas pelo trofense, que partiu com o principal objetivo de fotografar as disparidades que existem entre o os países em vias de desenvolvimento e a Europa, para que essas imagens pudessem ajudar a divulgar o trabalho das associações que apoiam as comunidades dessas nações e, quem sabe, despertar mentalidades.

Ao longo da apresentação, Silvano contou que, em todas as missões que abraçou, vivia da mesma forma e comia exatamente o mesmo que os habitantes locais, documentando que quando chegavam, os voluntários eram recebidos como “reis” e imediatamente a comunidade lhes oferecia a comida, que, em sinal de respeito, aceitavam. “Experimentei larvas e gafanhotos. Eu gostava muito das larvas. São parecidas com as tripas”, referiu, causando alguma agitação e muitos sorrisos na plateia.

Entre risos de nervosismo e alegria pelo momento que estava a viver a apresentar o livro, o trofense confessou que foi uma enorme dificuldade compor o livro, visto que nunca teve esse propósito e uma vez que sua memória e sentido cronológico “falham bastante”. No entanto, adotou o conceito de “registo fotográfico”, que acabou “ilustrado com palavras” do amigo e escritor João Mendes, que aceitou de imediato esse desafio.

No meio da plateia a assistir, estava outro amigo de Silvano, Miguel, que também partilhou algumas das suas experiências de voluntariado com o público.

No final, foram várias as pessoas que compraram o livro e se deixaram contagiar pelas histórias de quem ajuda os outros.

O livro, editado pela Chiado, é a primeira aventura de Silvano no mundo da escrita.

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Edição impressa do jornal O Noticias da Trofa de 23 de março de 2023

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