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Edição 678

O Brasil existe, mas também existe Cuba e Venezuela

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Muitos militantes do politicamente correto, que se encontram acantonados nas esquerdas do espetro político português, continuam a alimentar o péssimo hábito de inundar de chavões, a sua retórica estapafúrdia e impregnada de arcaísmos decorados de frases feitas em tempos remotos e em circunstâncias de guerrilhas verbais, que só originaram desavenças pessoais. Esses intelectuais de pacotilha, que aspiram um dia ser os grandes educadores das massas, esquecem-se que este tipo de políticos caiu em desgraça no século passado, embora muitos deles tenham ressuscitado agora, com uma nova roupagem carunchosa e enfeitada com teias de aranha, a vociferar uma parafernália caduca e impregnada de bolor.

Sempre que há eleições, estes donos da verdade absoluta ressuscitam o palavreado carcomido pelo tempo e, com a sua tradicional verborreia esganiçada apelidam os partidos do centro e da direita, de serem partidos defensores de uma ideologia fascista, de serem partidos fascizantes ou mesmo fascistas e nazis. Só que também se esquecem que o fascismo e o nazismo foram mortos há mais de 70 anos, muitas vezes às mãos desses mesmo partidos democráticos, que agora apelidam de fascistas e nazis.

Esses aspirantes a grandes educadores das massas, não amam a democracia nem a liberdade, pois também apelidam de fascista os democratas, mas nunca criticam, nem criticaram os Castros, o Chaves e o Maduro, só para falar de alguns ditadores latino-americanos bem recentes, que têm, e sempre tiveram, o seu apoio e o seu regozijo doentio. É a falta de coerência típica dos pseudomoralistas de meia tijela, dos pseudointelectuais do jargão fácil, que apelidaram de fascistas Regan, Bush pai e filho, Trump, e até Sarkozy e Kurz, e mais recentemente Bolsonaro, no Brasil, mas nunca tiveram a coragem intelectual de apelidar de fascistas os verdadeiros ditadores da atualidade, só porque se vestem de vermelho. Pois fiquem a saber que o Brasil existe, mas também existe Cuba e Venezuela!

A incoerência destes militantes do politicamente correto manifestou-se quando estiveram, recentemente, ao lado da candidata presidencial francesa, Marine Le Pen, na decisão da Inglaterra em deixar a União Europeia (“Brexit”). Nem um ano depois, já gritavam contra o partido de Le Pen, a “Frente Nacional”, por ser extrema direita e apelidavam a sua líder de fascista, xenófoba, racista e outros epítetos semelhantes, embora um ano antes tinham estado de braço dado, na mesma barricada.

O crescimento dos partidos da extrema direita em todo o mundo, principalmente na Europa, onde já integram governos (Holanda, Alemanha, Áustria, Dinamarca e França), justifica-se pela narrativa que utilizam, que dá resposta ao sentimento de desestabilização de muitos cidadãos e tocar no desenraizamento identitário que muitos europeus sentem atualmente, mas também é justificado pela opção das esquerdas em denominar de fascistas, todas as forças políticas democráticas, cuja cor política não é a sua. Nas eleições europeias do próximo ano, a extrema direita pode vir a ser um grupo parlamentar maior que os socialistas e os sociais-democratas, com votações muito significativas em países como: Áustria, Reino Unido, Grécia, Itália, Hungria, Finlândia, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Bulgária, Eslováquia, Lituânia, Roménia, Alemanha e também na vizinha Espanha.

A estratégia destes esquerdistas, em apelidar de fascistas todos os partidos que estão à sua direita (sociais-democratas, liberais, conservadores, democrata-cristãos e outros) também está a contribuir para que o povo empreste o seu voto a candidaturas da extrema direita, como foi o caso, no passado recente, em França, onde a esquerda se eclipsou, e mais recentemente no Brasil, onde a esquerda que está no poder há muitos anos teve, na primeira volta das eleições presidenciais, uma derrota estrondosa, que se poderá repetir na segunda volta.

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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