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Edição 569

Literária mente por César Alves

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Literária Mente será, quinzenalmente, onde a literatura vai ter o seu espaço, no nosso jornal e na nossa cidade.

Entendo a leitura como algo profundamente abstrato. Porque mais importante do que a história em si, mais importante do número de páginas ou da velocidade com que se lê um livro, o que realmente é fundamental é a forma como o livro nos faz sentir. E engane-se quem pensa que há livros que são especiais e outros não. Todo o conjunto dos livros, esse sim, é um exército do bem, preparado para nos fazer viajar enquanto nos sentamos no nosso sofá, com um copo de vinho ou um chá. Daí que não existam pessoas que não gostam de ler, mas sim pessoas que ainda não encontraram aquele livro que as fez… sentir. A partir desse dia, não haverá volta a dar.
Estamos na era das tecnologias, dos filmes, das séries televisivas e o livro é tido, muitas vezes, como uma tecnologia ultrapassada. Isto acontece porque esquecemos as virtudes do livro. Quando vemos um filme ou uma série televisiva, estamos a aceitar a visão de alguém sobre a história, sobre os personagens, sobre tudo! Que ditadura, essa. Por muito poético que pareça, temos de recuperar a nossa liberdade, aquela que só o livro nos pode dar. A liberdade de imaginar este ou aquele personagem, cenário, conversa, como bem entendermos.
Mas claro que não nos podemos esquecer do maior aliado da leitura e dessa liberdade. Se, ao ler, nos é dada a liberdade de imaginar aquela história como bem entendermos, que dizer da sensação de escrever a nossa própria história? Ouço muitas pessoas dizerem não saber o que escrever, dizerem não ter jeito para escrever… Somos criadores por natureza. Criemos, então! Basta escolhermos um dos milhões de pensamentos que temos por dia e passá-lo para o papel. O primeiro que nos vier à cabeça! Por paradoxal que pareça, o nosso problema é que pensamos demasiado, intelectualizamos em excesso um exercício que deveria ser profundamente simples e… libertador, quase catártico! E talvez estejamos preocupados com a aprovação, daquilo que escrevemos, desta ou daquela pessoa. Vamos escrever para nós, escrever como parte de nós, como um prolongamento da nossa vida. Num mundo tão cinzento, não me parece errado colocarmos a nossa imaginação e a nossa criatividade ao serviço da nossa vida. Somos nós que a criamos.
Livro da Quinzena: Uma noite não são dias, de Mário Zambujal, é um livro que surpreende pela leveza. A leveza na estrutura, a leveza na crítica, a leveza no humor. Raras vezes um livro me fez soltar tão genuínas gargalhadas. A história passa-se em 2044 e o autor jura que não se trata de antecipação científica. A verdade é que vamos, lentamente, ao longo da história, encontrando pontos de ligação entre o nosso mundo e aquele, distante, diferente (será?) de 2044. Porque não começar por aqui? Talvez este seja o livro que o faz, a si, sentir.
Literariamente, estamos conversados.

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