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Ano 2007

FESTEJAR ABRIL – Não deixar cair a data

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afonsopaixao

       Todos os anos, por esta data, o 25 de Abril é festejado na Trofa. O mérito pertence a uma comissão que, desde sempre, a festejou e teve o mérito de lhe retirar a carga partidária que tinha inicialmente, quando cada partido queria festejar à sua maneira.

Hoje podemos orgulhar-nos de termos festejos apartidários, que não apolíticos, onde todos podem participar sem terem o problema de renunciarem às suas ideologias.

       Essa comissão é credora do reconhecimento de todos os democratas.

      Festejar Abril é, antes do mais, repudiar a ditadura. Na ditadura são livres os seus apoiantes e só estes.

      Numa época em que parecem querer renascer grupos que perfilham ideologias de extrema direita, com comportamentos intolerantes e apelos à violência, é necessário que todos os que defendem os valores democráticos se manifestem contra a intolerância e contra a violência.

      Dizem muitos apoiantes dos regimes de extrema direita que, no tempo da ditadura, havia respeito, havia ordem, havia justiça, etc.

      Nada mais falso: naquele tempo havia liberdade para os apoiantes do regime, havia medo, que é diferente do respeito, e a Justiça não eram independente.

     Naquele tempo, Portugal "expulsou" milhões de compatriotas que, para viverem condignamente, tiveram que emigrar para outros países com regimes que nada tinham a ver com o fascismo.

      Afinal, se o nosso regime era tão bom, porque é que não eram os outros povos a migrarem para este "jardim à beira-mar plantado"? 

      Se não tivesse havido emigração, quantos desempregados havia naquela época? Seguramente que não eram os 400 ou 500 mil que tem havido ao longo destes anos. Teriam sido muitos milhões os que iriam viver abaixo do limiar da pobreza.

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     Tenho dificuldade em compreender como possa haver quem possa apoiar um regime opressor.

      Se até em democracia temos governos autoritários, nas ditaduras temos um autoritarismo diferente. Porque cala a voz de quem se manifesta contra as injustiças, de quem não quer sofrer calado, de quem não pode apoiar a censura, de quem não pode contentar-se com a pobreza disfarçada de humildade…

     É muito natural que quem não viveu aquela época, ou era demasiado jovem, não sabe o que é verdadeiramente ter medo: medo do patrão, medo do professor, medo da polícia, medo de conversar e manifestar uma opinião, medo de ter opinião, medo que o chefe acordasse mel disposto, medo que algum vizinho fosse um bufo, medo que as paredes tivessem ouvidos, enfim, medo de tudo.

     Naquela época também havia crimes e muitos, mas os jornais só podiam publicar o que a censura autorizava para que o povo pensasse que estávamos num país maravilha.

     De tempos a tempos, fala-se na recuperação das Finança Públicas empreendidas pelo ditador Salazar em comparação com os tempos de hoje, como se essa comparação fosse possível. Na ditadura, é fácil recuperar as Finanças Públicas: põe-se o povo a passar fome e a recuperação é rápida.

     O que é difícil é gerir as Finanças Públicas em tempos de democracia. O povo tem direito de opinião, pode manifestar-se contra o que considera injusto e contra o que discorda.

     É necessário transmitir às novas gerações o valor da liberdade. Como eles sempre foram livres, têm alguma dificuldade em entender a falta de liberdade porque não tiveram a vivência.

     Só quem viveu verdadeiramente com falta de liberdade é que pode dar-lhe valor. Só faltando é que lhe damos o verdadeiro valor.

     Claro que a democracia tem muito que corrigir. Tem que saber encontrar o equilíbrio entre a liberdade e a Justiça para que não existam as confusões que alguns tanto gostam de lançar.

     O regime democrático tem necessidade de encontrar equilíbrios em várias áreas e corrigir muitos dos erros que se têm cometido.

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     É nesse esforço permanente que as tentações totalitárias serão combatidas.

     É necessário travar o avanço dos recentes grupos violentos que pregam as doutrinas de extrema direita. Isso consegue-se com tolerância, mas com respostas firmes e a rejeição directa e imediata desses ideais que, apesar de minoritários, minúsculos mesmo, causam alguma sensação de desconforto aos mais inseguros.

     E se começássemos por comemorar Abril? 

                             Afonso Paixão 
 

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