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Edição 429

“Faço isto é por gosto, não é por mais nada”

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Há 34 anos, António Carneiro é o responsável pela iluminação da Igreja de Guidões no S. João

 Desde 1979 que António Carneiro, conhecido por Tone eletricista, é o responsável pela colocação da iluminação da Igreja Matriz de Guidões.

 “Cerca de mil luzes” são colocadas numas réguas e “presas com pregos de aço”. Depois, com o auxílio de uma escada, sobe a Igreja Matriz até à torre, onde suspenso por uma corda vai colocando a iluminação. Até aqui nada de muito estranho, a não ser o facto de a pessoa encarregue por este trabalho ser um guidoense de 81 anos.

Com duas chaves de fenda de teste de corrente no bolso da camisa, não vá ser preciso acudir alguém, António Carneiro, mais conhecido pela freguesia como “Tone eletricista” ou “Tone Carneiro”, contou como ficou responsável pela colocação da iluminação da Igreja Matriz, pelas festas de S. João Baptista.

“As mordomas fizeram o peditório para os mastros, mas por alguma razão, não foram colocados. Para não terem que devolver o dinheiro angariado resolveram colocar 160 lâmpadas na Igreja, na altura pelo falecido António Santos. A partir daí foi-se montando e aproveitando estes suportes, réguas e lâmpadas e hoje existem à volta de mil”, afirmou.

No ano seguinte, em 1979, António Carneiro recebeu o convite, na “Casa da Fábrica”, por “António Santos, eletricista em Guidões, Alvarelhos e Muro”, para colocar a iluminação na Igreja. Apesar de na altura só perceber “qualquer coisinha” de eletricidade, com o passar dos anos e graças às suas “habilidades” foi desenvolvendo os seus conhecimentos. “Fazia-lhes admirar como é que eu conseguia fazer tanto serviço sem ninguém comigo. Eles próprios, quando chegavam à beira dos quadros, viam logo que o serviço era meu, pois tinha tudo muito direitinho. Às vezes tinha as minhas falhas como outro qualquer, mas procurei sempre levar a coisinha sempre afinadinha”, evidenciou orgulhoso.

Este ano, António referiu que “não era” para colocar a iluminação, pois além de “no ano passado não se ter iluminado a Igreja, em setembro, esteve “internado”. “ Tinha muito gosto nisto, tinha sido tudo feito por mim e assim, mas como disse pensei em não pegar mais nisto, pois já não estou muito em idade disso. Ainda tentei que o meu filho mais velho, Constantino Carneiro, continuasse, mas ele disse que não queria. Agora, há meia dúzia de meses meteu na cabeça que queria colocar a iluminação e pediu-me para o acompanhar lá para cima para lhe explicar onde pertence cada coisa”, mencionou.

Apesar de a primeira resposta ter sido “não”, António Carneiro mudou de ideias e decidiu “apoiar” o filho. No fim de semana anterior às festas, 15 e 16 de junho, pai e filho estiveram de volta da Igreja a tratar da iluminação. O guidoense acompanhou o serviço do filho, vendo e explicando como é que as coisas se faziam. Durante a entrevista, que decorreu no dia 21 de junho, António Carneiro confidenciou que havia “algumas coisas a reparar lá em cima”. Ele próprio podia lá ir arranjá-las, mas decidiu “esperar que o filho saísse do trabalho”, para que, juntos, reparassem as falhas.

Apesar de gostar “muito” do que faz, de “não ter medo nenhum de andar nas alturas”, nem de “andar amarrado com uma corda”, António Carneiro entende que “deve deixar” de subir até ao topo da Igreja para colocar a iluminação. “Por mim não continuo, porque já não tenho idade para isto. Pode ser que ele (filho mais velho) continue. Este ano fez com a minha ajuda e para o ano se eu cá estiver, não quer dizer que não o venha explicar, mas ir a certos lugares que tenha ido não”, concluiu.  

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