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Edição 506

Dia Mundial do Ambiente e a Biodiversidade do Rio Ave

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A Organização das Nações Unidas celebra hoje o 48º Dia Mundial do Ambiente, subordinado ao tema da Biodiversidade. Ao longo deste ano, vários são os episódios mundiais e nacionais que agravaram a preservação da biodiversidade.

Na Austrália, já com início no final do ano de 2019, os incêndios de enormes dimensões que deflagraram por todo o país, destruíram uma área de diferentes habitats superior a todo o território continental português. O sétimo país do mundo com a maior área florestal e com uma riquissima variedade de fauna e flora viu várias espécies, que estavam protegidas, a ficarem novamente em risco de extinção e colocaram em perigo o equilibrio de um ecossistema. Em Portugal, entre dezembro e janeiro, com a tempestade Elsa e a depressão Fabien, sentimos o impacto que as inundações tem no nosso dia-a-dia, na destruição de habitações, linhas de comboio, vias rodoviárias e na rede elétrica, num valor total estimado de 18,2 milhões de euros.

No Brasil, devido às alterações climáticas e desflorestação, a elevada precipitação sentida no mês de Janeiro, colocou 47 cidades em estado de emergência devido à destruição provocada pelos desmorenamentos e cheias.

Em fevereiro deste ano, milhares de pessoas tiveram de ser deslocadas das suas casas no centro de Moçambique devido às grandes inundações.

Em março, o Estado do Tennessee foi destruído com a passagem de dois tornados, que para além de causar 22 mortes provocou danos materiais incalculáveis para muitas famílias americanas.

No passado mês de maio, o ciclone Amphan, atingiu o leste da Índia com ventos de 190 quilómetros por hora, deixando um cenário de completa desvastação em todas as cidades e aldeias que atingiu, provocando a deslocação de milhões de pessoas para abrigos temporários em plena pandemia da Covid-19, aumentando assim a possibilidade de contágio naquele que é o 2º país do mundo com mais habitantes (1,380 mil milhões).

A par destes episódios que agravam a crise ambiental que atravessamos, o aparecimento da Covid-19 demonstra claramente que ao destruirmos a nossa biodiversidade e habitats, destruímos o ecossistema que sustenta a vida humana, tornando cada vez mais fundamental proteger localmente a nossa biodiversidade.

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Considerado um dos rios mais poluídos da Europa, na década de 80, devido à indústria têxtil, o rio Ave tem sido alvo de ações de limpeza ao longo dos seus quase 100 quilómetros, mas ainda se encontra longe da sua total recuperação.

Com 650 diferentes espécies, inúmeros bosques e florestas identificadas ao longo das suas margens, urge proteger e conservar a biodiversidade presente no rio Ave. A par desta proteção e conservação, devemos ser capazes de, enquanto cidadãos, promover o restauro das margens do rio Ave e dos seus afluentes, nomeadamente com a plantação de espécies vegetais ribeirinhas que se estendem ao longo do curso de água.

Ao nível ambiental, a redução da poluição do ecossistema flúvial, quer seja ao nível dos resíduos, quer ao nivel da diminuição de descargas, deve ser considerada prioritária de forma a que em época de cheias a hidrodinâmica fluvial permita um melhor escoamento das águas, ao mesmo tempo que diminui o impacto na destruição da biodiversidade e património local como as Azenhas do rio Ave, que fazem parte da nossa memória coletiva e incalculável.

O troço terminal do rio Ave é um espaço único, onde várias espécies migratórias encontram nas nossas margens o habitat perfeito e equilibrado para se alimentar, repousar e, em alguns casos, reproduzir.

A particulariedade do nosso rio Ave, das suas margens, património e biodiversidade pode ser uma oportunidade única para investirmos na atração cultural, turística e ambiental de forma a promover e dinamizar o nosso concelho. A possibilidade de transformar as azenhas, que existem ao longo das margens do rio em espaços lúdicos, de lazer e de microgeração de energia apresentam-se como soluções de desenvolvimento sócio-económico, ao mesmo tempo que permitem uma diminuição da nossa pegada ecológica.

O elemento da água é essencial à vida, sendo um compromisso de todas as gerações e um dever da geração mais jovem, em particular, que deve lutar pela valorização e preservação da biodiversidade do rio Ave. O momento atual, no contexto da pandemia, deve ser encarado também como uma oportunidade única para mudarmos hábitos sociais e económicos e recomeçar com base nestes novos paradigmas ambientais.

Bruno Silva Soares

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Edição 506

Terrorismo, Hipocrisia e liberdade de expressão

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Joao mendes
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Apesar de estarmos ainda em Janeiro, os atentados da passada semana em Paris são já um dos grandes acontecimentos que marcarão o ano que agora começa e o alcance das suas consequências é ainda difícil de prever. A ameaça terrorista é uma nuvem negra que paira sobre a Europa e que nos deve fazer reflectir sobre o tipo de sociedade que queremos e estamos a construir. Logo à cabeça, é fundamental que os estados europeus se alinhem de forma a repensar a sua política de emigração, não no sentido de se fecharem selectivamente a determinadas geografias, mas de forma a blindar a democracia constitucional contra a ascensão de fundamentalismos.
Nos últimos meses, tiveram lugar manifestações contra a democracia e a favor da implementação da lei islâmica (sharia) em cidades como Paris e Londres e isto deve servir como um importante alerta para potenciais intenções de criação de partidos políticos com agendas totalitárias baseadas em interpretações radicais do Corão. Mas estes primatas são tão representativos do Islão quanto o padre pedófilo é representativo do Catolicismo. Ou seja nada. Da mesma forma que os terroristas que no dia a seguir aos atentados contra a redacção do Charlie Hebdo vandalizaram a mesquita de Lisboa não representam os portugueses. O problema é que estes actos isolados de meia-dúzia de selvagens podem conduzir a uma escalada de violência que só conduzirá a mais violência e a mais restrições de liberdade. Uma história que nunca acaba bem.
Por outro lado, é interessante verificar que algumas das vozes que se erguem agora contra a barbárie perpetrada por estes terroristas sejam os mesmos que no passado atentaram contra a liberdade de jornalistas, cronistas e cartoonistas. No passado Domingo, enquanto mais de um milhão de franceses marchava em Paris pela liberdade de expressão, algumas centenas de dirigentes políticos aproveitaram a deixa para ganhar alguns votos e encenar a sua participação numa manifestação na qual na realidade não participaram. Apareceram para a fotografia mas não hesitarão um segundo quando um qualquer Charlie se voltar a intrometer no seu caminho.
Por cá também temos a nossa quota-parte de moralistas de fachada. Quem não se recorda da tentativa de José Sócrates de silenciar Mário Crespo? E do pontapé que o social-democrata Zeca Mendonça desferiu num fotojornalista no ano passado? E daquele episódio em que o então deputado Ricardo Rodrigues (PS) roubou os gravadores dos jornalistas da Sábado, ainda se lembram? E da censura do programa Humor de Perdição (1987) pelo governo de Cavaco Silva? Quantos Charlies foram já alvo do fascismo recalcado da nossa prepotente elite dirigente?
Já agora, onde estava todo este circo político-mediático quando a Wikileaks revelou milhares de documentos que comprometeram dirigentes nacionais e internacionais com provas factuais? Quantos caçadores de votos apontam o seu dedo acusador ao accionista chinês que controla e manipula a sua comunicação social? Onde estavam todos esses hipócritas quando Angela Merkel decidiu chantagear publicamente o povo grego caso este decidisse votar no Syriza, quando Cavaco e Passos deram luz verde para a entrada do regime ditatorial da Guiné Equatorial na CPLP ou quando José Eduardo dos Santos persegue jornalistas e activistas políticos? Em lado nenhum. São plásticos e hipócritas. Lobos com pele de Charlie para quem a liberdade de expressão é uma questão de circunstância.

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Edição 506

Ainda agora começou

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Ricardo Garcia
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Sei que já é um pouco tarde, mas só agora é que posso fazer o meu balanço de final do ano de 2014. Num ano cheio de atribulações judiciais, fiquei à espera até às 23:59 do dia 31 de Dezembro que o juiz Carlos Alexandre, qual Batman da justiça, prendesse mais alguém (correndo o risco de quando este artigo sair mais alguém estar preso). E nem um ex-primeiro-ministro se safou.
Novembro foi um mês dedicado aos grandes processos: primeiro o caso dos vistos gold e logo de seguida a prisão Sócrates. E isto da memória tem muito que se lhe diga. Alguém se lembra ainda dos vistos gold e da demissão do ministro Miguel Macedo? Parece que foi há 2 anos, mas não foi. O que contribuiu para este efeito? A prisão de José Sócrates, claro. Desde há muito tempo indiciado em processos, sempre se conseguiu escapar por falta de provas, até os avisos dados pela Caixa Geral de Depósitos surtirem efeito logo após a demissão do ministro Macedo. Parece que os astros se alinharam naquela semana, deixando o povo português soterrado com tal avalanche de escândalos, faltando ainda o muito esperado depoimento de Ricardo Salgado. Tudo no espaço de 3 semanas! Uma verdadeira agenda mediática. Destes 3 protagonistas, Miguel Macedo já foi esquecido (voltará à ribalta nas próximas eleições), Ricardo Salgado continua com todo o tempo do mundo para a sua defesa e José Sócrates resolveu dedicar-se às epístolas para a comunicação social, qual S. Sócrates para os Coríntios. Tal como em Fátima, alguns comerciantes de Évora estão a pensar mandar fazer imagens de Sócrates que mudam de cor consoante o tempo para vender aos peregrinos que vão a pé ou de excursão para a cova do Estabelecimento Prisional de Évora.
No meio de tantas mensagens, não podiam faltar as tradicionais mensagens do primeiro-ministro e do Presidente da República. O primeiro, aproveitando o discurso proferido em Braga em que afirmou “Ao contrário do que era o jargão popular de que quem se lixa é o mexilhão, de que são sempre os mesmos (…) desta vez todos contribuíram e contribuiu mais quem tinha mais, disso não há dúvida”, proferiu na mensagem natalícia a chantagem do “deitar tudo a perder” em 2015. Num registo de ilusão, Passos Coelho pretende fazer o pino e afirmar que a crise não afectou o mexilhão (13,9% de desemprego afecta quem?). E os milhares de portugueses que emigram são o quê? Turistas permanentes? E o agravamento da pobreza com implicações nas famílias, jovens e idosos? Sim Sr. primeiro-ministro, o povo quer perder isto tudo em 2015.
Num estilo de natação sincronizada, Cavaco Silva apela de uma forma evidente ao “entendimento” entre PS, PSD e CDS para a política do inevitável. Cavaco, com a sua conhecida memória selectiva, esquece-se de que estes partidos entenderam-se nas políticas essenciais dos últimos 30 anos (adesão à Europa, revisões constitucionais, política de privatizações, Tratado de Maastricht ou no recente pacto de agressão).
“Je suis Charlie”. O ataque bárbaro à redacção do Charlie Ebdo é um ataque à liberdade de expressão perpetuado por tresloucados que por acaso são crentes (mistura explosiva), mas nem todos somos Charlie individual ou colectivamente. Será que todos gozamos plenamente das nossas liberdades? Quantas vezes nos calamos com medo de represálias? Porque será que Portugal não tem um programa de humor, por exemplo, nos canais generalistas? Teria espaço um projecto como o Charlie Ebdo na nossa banca de jornais?

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