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De Certa Maneira, um concerto para José Mário Branco Foto-Reportagem

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De Certa Maneira, um concerto para José Mário Branco foi apresentado ao vivo pela primeira vez no passado dia 20 na Casa da Música, no Porto.

Partindo de uma ideia original de Rui Portulez, a Opium avançou com a promoção de um espetáculo onde cantores e músicos ecléticos e interventivos que admiram José Mário Branco e cujas carreiras foram influenciadas, viajam até ao mundo muito próprio de Mário Branco. O resultado destas incursões, em estreia absoluta no Porto, não só atualizou o reportório de Mário Branco, dando-lhe uma nova energia e pulsar, como comprovou a intemporalidade e a força da sua música e das suas composições.

Um palco repleto de instrumentos e de músicos que permaneceram por lá durante todo o espetáculo, como Batida, AF Diaphra, Manuel Pinheiro (Diabo na Cruz), Chullage, Guta Naki, JP Simões, Marfa, Miguel Pedro e António Rafael (Mão Morta), Ermo e *Gambozinos* (estes só subiram ao palco no final para a sua interpretação, dado o número elevado de pequenos cantores). Um formato de concerto muito particular e intimista e uma homenagem ao homem, ao artista e ao ativista.

Canto dos Torna-viagem e Dairinhas foram as escolhas dos Guta Naki; Inquietação e uma versão quase palpável de Perfilados de Medo estiveram a cargo de JP Simões; O 3º Amigo e Eu vim de Longe subiram ao palco com Chullage. O Nevoeiro surgiu com Ermo e Miguel Pedro e António Rafael (Mão Morta). Marfa delicionou-nos com Engrenagem e Por Terras de França. Os Batida tiveram uma participação eletrizante, contando com a participação de Alexandre Francisco Diaphra e de Manuel Cruz (Diabo na Cruz), passando pelas músicas Qual é Coisa?A Cantiga é uma Arma e ainda Alevanta, dito por AF Diaphra.

Um dos momentos mais impressionantes, foi sem dúvida, a declamação do texto FMI  por João Grosso. 20 minutos de intensidade, sem rede, numa adaptação aos dias de hoje, que surpreende sempre pela imensa atualidade que o texto apresenta: a mesma história, só mudam os nomes dos protagonistas. No final, o público completamente rendido e hipnotizado (haveria certamente muitos que nunca tinham ouvido o texto) levantou-se e aplaudiu longamente.

Uma atuação que foi um murro no estômago e que teria mandado para casa todos que estavam na Sala Suggia com uma valente inquietação, se não se tivesse seguido um final ameno e melodioso pelas vozes dos Gambozinos que interpretaram Os Meninos do Amanhã (Elogio do Revolucionários). Uma espécie de calmaria depois da tempestade. O afinado melodioso das vozes infantis e juvenis serviu para acalmar as almas, mas quem estava atento às letras não deixou de escutar o interrogar constante, tão próprio de Mário Branco e do seu trabalho.

Uma noite deliciosa naquele que terá sido o primeiro de vários espetáculos pensados como forma de revisitar e atualizar o património musical de José Màrio Branco, um universo eclético, complexo e muito rico, que vai da canção de intervenção ao fado, passando pela pop, funk, música popular e até de teor experimental. A prova de que a obra dos génios perdura no tempo e é de de fácil adaptação e utilização. Não no sentido de usurpar ou alterar, mas de experimentação e criação.

Um concerto que é mais que isso; que se reveste como um manifesto de resistência. E indo buscar as palavras do homenageado: “A primeira resistência – e a mais decisiva – é aquela que se trava contra as nossas próprias limitações, os nossos próprios defeitos, a nossa própria vontade de ficar quieto e desistir. “

Texto: Joana Vaz Teixeira
Fotos: Miguel Pereira

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