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Edição 640

Crónica: Sérgio Humberto perdeu o meu voto

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Eu não voto Sérgio Humberto porque me recuso a deixar enganar por papas e bolos. Deixo esses artifícios para os tolos, porque preciso de mais do que alcatrão e uma ou duas obras de referência para decidir a quem “emprestar” o meu voto. Porque qualquer autarca, novo ou velho, licenciado em Coimbra ou na Universidade da Vida, de esquerda ou de direita, consegue fazer obras na via pública, construir passeios, fazer duas dezenas de eventos e uma obra de grandes dimensões a poucos meses das eleições seguintes.

Apesar de uma importante obra como a Alameda da Estação, de um grande evento como é o caso do Belive ou de várias outras medidas e iniciativas que marcaram positivamente o trabalho deste executivo, nada do que foi feito carece de um qualquer Einstein para se materializar. Qualquer autarca poderia ter feito o mesmo, qualquer podia fazer melhor. Ou pior, claro.
Mas é para isso que lhes pagamos – e muito bem, que o salário de Sérgio Humberto, acrescido de ajudas de custo, vai para lá dos 4 mil euros, um valor muito acima da média portuguesa, ao nível de quadros de topo de grandes empresas privadas – e ninguém lhes pediu, a Sérgio Humberto como a qualquer autarca, para abdicarem do que quer que seja para servir como presidentes de câmara. Se se colocam nessa posição, fazem-no de livre vontade e estão lá para trabalhar.

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Mas não estão lá para abusar do seu poder, para violar liberdades fundamentais ou para usar dinheiro dos cofres públicos em seu benefício e dos seus. Não estão lá para mentir nem para desrespeitar compromissos assumidos com os seus munícipes. Não estão lá para se articularem com jornais de propaganda ou outros meios cobardes e encapotados de fazer política rasteira, enganando a população. Não estão lá para distribuir tachos e promoções a amigos, familiares e companheiros de partido. Não estão lá para insultar quem com eles não concorda. Não estão lá para mandar emigrar quem não partilha da sua visão. Estão lá, repito, para trabalhar. É para isso que lhes pagamos. Não para se comportarem com tiranos autoritários.

Em 2013, saturado de quatro anos de governação socialista, e particularmente irritado com a encenação eleitoralista em torno da inauguração do Parque das Azenhas, decidi “emprestar” o meu voto ao candidato Sérgio Humberto e à sua equipa. Achei que tinham feito uma campanha interessante, com mais conteúdo e objectividade que os seus adversários, gostei de ver a renovação levada a cabo nas diferentes listas, nomeadamente o afastamento da esmagadora maioria dos “dinossauros” da era Bernardino Vasconcelos e, sobretudo, acreditei que Sérgio Humberto seria um autarca diferente. Acreditei na utilidade do meu voto para o ajudar a depor um regime esgotado, rumo a uma nova era na política local.

Quatro anos volvidos, e depois de ter assistido a todas as coisas para as quais não lhe pagamos e que já descrevi em cima, olho para a campanha de Sérgio Humberto e o que vejo? Vejo o oposto do que vi há 4anos. Vejo churrascos, bandeirinhas a abanar, discursos manipuladores e zero propostas. Vejo um autarca que se recusa a debater com os seus adversários, escondendo-se por trás de um comunicado patético e cobarde. Vejo “dinossauros” a regressar. Vejo um vazio imenso. Um vazio que não me chega, aliado a uma liderança autoritária e vingativa. Não me voltam a enganar.

João Mendes

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