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Crónica Literária Mente: A Palavra – Revoluções, Livros e Poder

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Cada pessoa encara o seu aniversário da sua própria forma particular. Quanto a mim, não é tanto o dia, mas a semana. A semana do meu aniversário, esta, é sempre um momento de reflexão profunda sobre a vida e sobre o que andamos (e ando) a fazer nela e com ela.
Tendo nascido entre o Dia Mundial do Livro e o dia que celebra a nossa revolução, sinto-me imbuído, como se fosse a minha missão (e acredito que todos teremos uma) de incitar ao pensamento pelo livro, pela escrita, pela palavra.
Continuo, ainda hoje, a acreditar firmemente na ideia de que a palavra é a arma mais poderosa que temos à nossa disposição. Para o mal, mas também para o bem.
Foi pela palavra que grandes autoritarismos se levantaram. Pelo domínio do discurso, pela escolha detalhada daquilo que esse discurso incluiu, pelo meio e pela forma como essa palavra era espalhada pelas massas. E esta é, talvez, a palavra-chave. As massas. Não se engane, caro leitor. O poder está nas massas, está nas pessoas, está no povo. Podemos viver numa pirâmide de poder, mas a base (as massas), é o maior estrato e, logo, aquele com maior força.
É pelo controlo das massas que o mundo se rege, seja em termos políticos ou, na era da informação, em termos de comunicação. E acredito fielmente que seria a partir deste ponto que essas mesmas massas poderiam mudar o mundo, torná-lo mais justo, mais adequado àquilo que são as necessidades de todos e de cada um. Comunicação de massas.
Comunicação não para as massas, mas entre as massas. Que o diálogo entre cada um de nós fosse ensinado, construído e limado desde cedo, desde que somos crianças, preparando-nos para enfrentar o mundo a partir de um ponto de vista crítico e consciente. E que essa preparação formasse cidadãos conscientes de si e do mundo, conscientes do que os rodeia e do contributo que têm ao seu alcance para fortalecer esse contexto. Penso que seja aqui que está guardada a chave para uma melhoria global. A comunicação entre nós. Vivemos numa sociedade de culto à personalidade, onde figuras públicas (não colocando em causa o seu mérito) são elevadas quase à posição de deuses, onde as grandes empresas olham para as pessoas do ponto de vista do capital, onde um soundbite tem mais força do que uma ideia concreta e que ouse desviar-se do rumo traçado por quem nem sequer nos conhece.
Conversava, recentemente, com dois amigos, sobre o poder. O que é o poder? Quem tem o poder?
E penso que, embora o dinheiro continue a mover multidões e a gerir, quase por si só, as grandes instituições que nos governam, o verdadeiro poder está na palavra. No seu conteúdo, na sua forma e na sua difusão. Temos de rever as nossas prioridades individuais e dar à palavra a atenção e a importância que ela merece. Esqueçamos a comunicação para as massas que, de uma regra geral, serve para criar comportamentos de manada, pensamentos gerais e acríticos, que não ponham em causa o(s) sistema(s) instalado(s). Trabalhemos na comunicação entre as massas, que permita percebermo-nos mutuamente, que permita ter a verdadeira noção das nossas capacidades e limitações, e do que é que somos capazes para tornar um mundo um lugar melhor. Assumo-me fortemente contra todas as formas de instrumentalização da mente humana. E penso que esse é um bom primeiro passo. Literariamente, estamos conversados

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