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Edição 418

CESSAÇÃO TABÁGICA E GANHO PONDERAL

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Para muita gente, um dos principais motivos para não deixar de fumar passa pelo receio de um possível ganho de peso. Aliás, o ganho ponderal é, também, uma das principais razões para a ocorrência de recaídas na cessação tabágica. Mas…será que a cessação tabágica leva a um aumento de peso?

Na verdade, a literatura descreve um aumento de peso médio na ordem dos 3-5 quilogramas, sendo que poderá ultrapassar os dez quilogramas. O ganho é mais acentuado nos primeiros três meses, estabilizando gradualmente de seguida. Por outro lado, estudos demostram que, embora numa pequena percentagem, algumas pessoas até perdem peso. Ou seja, mais uma vez, a variabilidade individual tem um enorme impacto! Mas, por incrível que possa parecer, está descrito que, em média, os fumadores são 3-5 quilogramas mais magros que os não fumadores. Alguns autores vêm assim este aumento ponderal pós-cessação tabágica como uma forma de “normalizar” a situação. Só a título de curiosidade, o aumento ponderal parece estar relacionado com o número de cigarros fumados por dia: o aumento ponderal será tanto maior quanto maior for a dependência à nicotina. E o que é, ao certo, a nicotina?

Um cigarro contém mais de quatro mil substâncias químicas, várias das quais com efeitos mutagénicos, tóxicos e irritantes. A nicotina, uma dessas substâncias, responsável pela caraterística de dependência do tabaco, possui propriedades psicofarmacológicas similares a algumas drogas de abuso, como a anfetamina e a cocaína. Parece ser a falta de nicotina a responsável pelo ganho ponderal.

A nível mundial, o consumo de tabaco é uma das principais causas evitáveis de doença, incapacidade e morte e, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde, morrem anualmente cerca de cinco milhões de pessoas em todo o mundo, devido ao seu consumo. Sim, a cada dez segundos morre uma pessoa devido a doenças relacionadas com o tabaco.

Uma boa parte dos fumadores declina a hipótese da cessação tabágica devido ao facto de saber que esta está associada com o ganho ponderal. Desafio o(a) leitor(a) a refletir nesta questão: “Valerá a pena pensar desta forma?”. Os benefícios da cessação tabágica em muito superam os do relativo ganho ponderal que será expetável nos primeiros meses após a cessação. Esses benefícios iniciam-se quase de imediato: duas semanas a três meses depois, existe uma diminuição do risco de enfarte do miocárdio e a função pulmonar aumenta; um a nove meses depois, diminui a tosse e a dispneia; cinco anos depois, o risco de acidente vascular cerebral iguala o de um não-fumador; dez anos depois, o risco de cancro do pulmão é cerca de metade do de um fumador… Não esquecer os benefícios inerentes aos custos do tabaco: por exemplo, os gastos de saúde relacionados com o tabaco representam um encargo anual para o Estado de quase 500 milhões de euros. Já para não falar do desaparecimento progressivo de manchas no esmalte dentário, do aclaramento das unhas e dedos, entre tantos outros.

O ato de fumar está associado a uma diminuição da ingestão alimentar, através da redução do apetite e do prazer associado ao ato de comer, bem como ao aumento do metabolismo basal (cerca de 200 kcal por 24 horas). Por outro lado, os estudos mostram que, no geral, os fumadores têm padrões pouco saudáveis de ingestão alimentar comparativamente aos não fumadores: ora, os fumadores que têm uma alimentação menos saudável, após a cessação tabágica, têm sete vezes mais probabilidade de aumentar 5 quilogramas ou mais!

A solução passará por uma correção dos hábitos alimentares, adquirindo as regras de uma alimentação saudável e aumentando a atividade física, nunca esquecendo que os benefícios de deixar de fumar superam o aumento de peso associado.

Já viu algum alimento (rico em gordura e açúcar e, portanto, que poderá levar a obesidade) a dizer “comer mata”? O tabaco di-lo! Pense na gravidade dessa frase…e, depois de se convencer interiormente que é agora a hora!, procure um programa de cessação tabágica que inclua a preocupação com esse ganho ponderal ou aconselhe-se com o seu nutricionista. Faça pela sua saúde!

Ana Isabel Ferreira, estagiária de Nutrição

ana_isabel_sts@hotmail.com

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