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Edição 470

Assembleia de Bougado marcada por acusações ao anterior executivo

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Foi um verdadeiro ataque cerrado o que Luís Paulo, presidente da Junta de Freguesia de Bougado, fez à gestão do anterior executivo de S. Martinho, na reunião da Assembleia que se realizou na quinta-feira, 17 de abril.

Grande parte das críticas feitas pelo autarca está relacionada com a Feira Anual da Trofa que, segundo afirmou, foi possível organizar este ano graças a “uma redução brutal de custos”. Segundo Luís Paulo, em 2014, a iniciativa custou “170 mil euros”, que representa “menos 60 mil euros” quando comparada com o ano anterior. A poupança, acrescentou, podia ter chegado aos “70 mil” se as atividades relativas à vertente equestre não tivessem que ser adiadas uma semana, devido ao tempo chuvoso.

Numa intervenção de quase 40 minutos e com vários momentos de ironia, o presidente da Junta referiu os gastos feitos pelo anterior executivo, liderado por José Sá, atual membro da Assembleia eleito pelo PS, como “os almoços grátis para todos, desde GNR, segurança privada, eletricistas, pessoal do som” e “reuniões em restaurantes caros com as associações”. “Eu optei por fazê-las no polo I ou II, até porque considero que assim são mais agilizadas”, afirmou.

Luís Paulo afirmou ainda que “a madeira utilizada para proteger o pico”, piso para o picadeiro e manga, “desaparecia” e que a que foi adquirida este ano “servirá” para as próximas “quatro” edições da Feira. O autarca referiu-se ainda a “casos estranhos”, relacionado com os valores pagos pelos utilizadores das “casetas” de madeira, que “eram recolhidos pela Confraria do Cavalo” e que “ainda não apareceram”. Já sobre faturas da “empresa Spormex” de “extras da Feira Anual”, no valor de 10 mil euros, Luís Paulo afirmou que “havia faturas com o mesmo código de aluguer de stands mas com valores diferentes, umas a cem euros e outras a 180”. “Perguntei ao senhor da Spormex para me explicar e ele disse que teve que montar umas tendas para o PS em Monção. Eu nem quis ouvir mais nada”, contou.

Como medidas de poupança, acrescentou, o atual executivo “recorreu aos funcionários” da Junta para montar as “casetas”, gastando “cerca de mil euros, em vez de quatro mil”, e “aumentou ao número de stands, de 55 para 90, aumentando as receitas em 20 mil euros”. “A comunicação com os expositores melhorou, uma vez que havia queixas que um dos problemas do passado era não atenderem o telemóvel”, acrescentou.

José Sá refutou as acusações feitas pelo presidente da Junta, inclusive as relativas às faturas, e lançou o desafio: “Se o senhor não processar o executivo anterior, processo eu o atual executivo”.

O membro socialista considerou que Luís Paulo fez “insinuações graves” e exigiu que “as prove”, justificando, por outro lado, que agiu “sempre dentro da legalidade”. “Nunca pensei que conseguisse falar tanto e dizer tantas mentiras”, afirmou, “não” aceitando “levar lições de honestidade”. Quanto aos almoços, disse José Sá, “eram pagos em função dos trabalhos e do horário de serviço e sempre de acordo com os contratos”. “As reuniões com as associações aconteciam através dos protocolos feitos com elas. Tínhamos de as receber com dignidade”, sustentou.

José Sá felicitou ainda os “funcionários” da Junta pelo trabalho que fizeram na Feira Anual, mas considerou que a iniciativa “ficou aquém das expectativas”, resultado que julgou “uma falta de respeito para os trofenses e para quem andou ao longo de oito anos a investir a projetar a Feira ao mais alto nível”.

Luís Paulo contrapôs, justificando que, “com a poupança conseguida” na organização da Feira, foram criadas condições na Junta de Freguesia para receber as associações “com dignidade”. Quanto ao desafio lançado por José Sá sobre o processo judicial, o autarca respondeu: “Esteja quietinho que é melhor”.

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Manuel Vilarinho, elemento da coligação PSD/CDS, sugeriu que se faça “uma auditoria” às contas da Junta, mas Luís Paulo respondeu que “já está feita” e que “as contas foram enviadas para o Tribunal de Contas e nem sequer foram assinadas pelo presidente cessante”.

No período de intervenção do público, enquanto Alberto Fontes elogiou a organização da Feira, Joaquim Azevedo quis saber se a iniciativa “deu lucro ou prejuízo”. O presidente da Junta respondeu que a Feira “não é para dar lucro, dá muito prejuízo, que é ultrapassado pelo valor que tem para a nossa terra”.

 

Cemitério também inflamou Assembleia

O cemitério também foi outra das armas utilizadas por Luís Paulo para criticar a gestão do anterior executivo. O autarca considera que se tratou de uma situação “vergonhosa” o facto de a Junta “ter vendido capelas a familiares diretos” e “sepulturas”, já “depois das eleições”. “Um jovem de 40 anos comprou duas sepulturas mesmo antes de eu tomar posse, mas teve o bom senso de as devolver à Junta. Retomamos quase todas as concessões, só não conseguimos a do último presidente”, afirmou.

Luís Paulo referiu que “de entre 170 campas vazias, existem apenas três disponíveis” no cemitério, anunciando que, para o futuro, será projetada “uma requalificação do espaço exterior” e, “se possível, o alargamento e aumento da capela mortuária”.

Já à questão levantada pelo socialista Daniel Lourenço sobre se a atuação do anterior executivo na venda das sepulturas foi ilegal, Luís Paulo referiu: “Não é legal, a Junta de Freguesia estava em gestão”.

Por seu lado, José Sá reiterou que “não houve negócios ilícitos” e que “se vendeu sepulturas de acordo com o regulamento do cemitério”.

Em resposta, Luís Paulo insistiu: “A questão é só esta: após ter perdido as eleições, andou-se a oferecer campas em casa das pessoas”.

Feira Semanal: “Só pagava quem queria”

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As acusações não ficaram por aqui. Sobre a feira semanal, Luís Paulo referiu que, no mandato anterior, “só pagava (o espaço) quem queria”, que “a etnia cigana não pagava” e que “a cobrança era feita por pessoas sem nenhuma ligação à Junta”. “Connosco, a etnia cigana, assim como todos os outros feirantes, pagam e a cobrança é feita pelos nossos funcionários”.

O presidente da Junta afiançou ainda que “se pagavam os contadores dos fontanários, que não existem para aí há cinco anos, assim como o que está no Parque Nossa Senhora das Dores”. “Em dezembro ou janeiro, pagamos 800 euros por um parque que já não é nosso há um ano”, acrescentou.

Sobre obras realizadas, Luís Paulo destacou os arranjos na sede da Junta de Freguesia, em S. Martinho. Para “começar” está a empreitada de colocação de passeios na Rua 16 de Maio, entre a Farmácia Barreto e a Segurança Social e no passeio em frente às galerias Araújos. Esta foi elogiada por Jorge Araújo, no período de intervenção do público, que destacou o facto de, depois de tantos anos, “um executivo ter sido capaz de encontrar uma solução”.

Na assembleia, o socialista Daniel Lourenço questionou o executivo sobre o ponto de situação da Comissão Social de Freguesia, ao qual Luís Paulo respondeu estar “a estudar a melhor solução”.

O autarca informou ainda, após nova questão do elemento do PS, que o Torneio de Futebol Inter-Escolas, que com o anterior executivo se realizava nas férias da Páscoa, foi alterado para “o dia 22 de junho, de acordo com proposta das Associações de Pais”.

Enquanto a alteração do regulamento dos auditórios e feira semanal foi aprovada pela coligação PSD/CDS, com a abstenção do PS, a alteração às taxas e licenças foi aprovada, mas com votos contra do PS, por constar, à semelhança da anterior assembleia, a subida do preço, de 2500 para dez mil euros, da venda de sepulturas no cemitério de S. Martinho.

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