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Edição 569

A “geringonça está a desconchavar-se por José Maria Moreira da Silva

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Geringonça foi o termo escolhido pelo escritor, ensaísta e comentador político Vasco Pulido Valente, para definir em 2014 o Partido Socialista, e mais tarde foi aproveitado por alguns políticos para designar os acordos de governo feitos entre socialistas, comunistas e bloquistas. Muitos poderão não gostar, mas outra coisa não se poderia chamar a esta «união de facto» dos «istas» mencionados, só para António Costa ser primeiro-ministro, depois de ter tido um forte desaire eleitoral. Chegou ao poder por becos e atalhos, que muitos portugueses desconheciam. É a atratividade do poder a funcionar no seu melhor estilo «geringonçado»!
A «geringonça» está a desconchavar-se toda e parece que ainda anda, só que não foi feita para andar e, por este andar que não anda, está a abrir as portas a um novo resgate, a originar uma nova intervenção externa. Sem exportações e sem investimento externo, que estavam num ritmo de crescimento assinalável, não vai ser o consumo privado a puxar pela economia, pois não há consumo privado, como se tem verificado. Infelizmente é a inevitabilidade que começou a desenhar-se logo após as últimas eleições. É uma falsa viragem da «página da austeridade».
O Ministro das Finanças, Mário Centeno, já avisou os «parceiros da geringonça» que não há margem para medidas de apoio quer social, quer à economia, pois as regras do tratado Orçamental da UE são muito rígidas, o que não permite ao governo socialista esticar a corda ou ter expetativas demasiado otimistas. Afinal, a política de austeridade vai ser para continuar. Não é surpresa nenhuma!
Poderá António Costa ter do seu lado uma comunicação social favorável e generosa para com as suas políticas e os seus ministros e dizer que há estabilidade governativa para quatro anos, que ninguém acredita, mas começa a ser mau demais para se fingir que não se passa nada. Passa-se muita coisa negativa, e quem o diz não são só os partidos da oposição, pois as entidades, nacionais e estrangeiras, conhecedoras dos indicadores que estão em constante derrapagem afirmam que a economia do país está estagnada, ou pior do que isso está a retroceder. Portugal vai na direção errada. A situação crítica da economia e das finanças públicas portuguesas é uma realidade que não pode ser escamoteada.
As previsões do Banco de Portugal (BdP), do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia (CE) e do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) são más demais, que deixam os portugueses intranquilos. Já não bastava ser o défice a ter uma derrapagem significativa, mas é também todo o modelo de crescimento previsto pelo governo que ameaça desmoronar-se como um «baralho de cartas». Nem mesmo a preciosa ajuda da baixa do preço do petróleo elimina a hipótese da governação socialista ter um plano B com mais austeridade. Vão ser necessárias medidas adicionais para atingir a meta do défice de 2,2% do PIB que o governo fixou. A crise financeira está de novo à espreita!
Não se vislumbram políticas governamentais de apoio à economia, muito menos um ataque cerrado à pobreza, ao desemprego, à precariedade e dos falsos recibos verdes. O governo socialista dá mostras que o ciclo da emigração, que tanto se falou, está para durar, contrariando todas as promessas eleitorais feitas pelos socialistas e pelos seus parceiros que assinaram os acordos de governo.
A aposta do governo socialista, para esconder as suas incapacidades é criticar a anterior governação dizendo que deixaram buracos escondidos nas contas do Estado e também deixaram as contas «armadilhadas». Fazem o que tanto criticaram a governação anterior de fazer, que é criticar o passado. É a mesma «música», para mal dos nossos pecados!
António Costa até tentou mudar o ADN original do PS, mas começou a «governar à vista», e muito mal, pois não consegue aliar o rigor financeiro obrigatório com crescimento, emprego e justiça social. Atente-se às previsões do crescimento da economia para este ano de apenas 1,5% (BdP) ou 1,4% (FMI), acompanhado de uma previsão de investimento revista em baixa de 0,7%, muito abaixo dos 3,7% registados em 2015, no governo anterior das «injustificadas» medidas de austeridade. Não é preciso muito mais, para se verificar o que está a fazer a «geringonça» à economia do nosso país. Quase tudo se está a deteriorar e o pior é que tudo isto era expectável.
Por agora, não vou criticar mais a governação socialista, pois pode vir o Jorge Coelho ameaçar-me dizendo que «quem se mete com o PS leva» ou mesmo o João Soares a anunciar que mereço «levar umas bofetadas», e eu tenho uma cara que penso não ser merecedora de tamanho despudor. É o pensamento dominante que assim reage às críticas que lhe são feitas; é a falta de princípios, a cretinice, a estupidez e a falta de cultura democrática instalada nalguns políticos portugueses que me diz para parar. Talvez seja o tão apregoado «tempo novo», que me convida a dizer basta!

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