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Edição 679

Pó dos Arquivos: Fiéis defuntos beneméritos “brasileiros”

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Em colaboração anterior, apelava ao dever de referir e reconhecer o mecenato dos beneméritos locais que, a expensas próprias, promoveram a construção de edifícios escolares, com salas de aulas e residências para os professores, nas suas “pequenas pátrias.” Dentre eles, destaque para os “brasileiros”, que havia em todo o Entre Douro e Minho.

O que alguns deles fizeram é amplamente conhecido, pois foram de vulto as obras que patrocinaram, como eram de vulto as fortunas que tinham obtido. Joaquim Ferreira dos Santos – Conde de Ferreira – filho de modestos lavradores de Campanhã (Porto) que, aos 18 anos emigrou para o Brasil e, tendo-se dedicado ao tráfico de escravos negros e ao comércio, conseguiu obter grande fortuna. O seu nome está ligado à construção do Hospital para Alienados e ao legado de 144 contos de réis para a construção de 120 Escolas de Instrução Primária para ambos sexos. Manuel José Ribeiro – Conde de São Bento – filho de caseiros de S. Miguel das Aves (Santo Tirso) que, aos 11 anos emigrou para o Brasil onde fez fortuna, apesar da vida atribulada com que se defrontou. O seu espírito esmoler transbordou os limites do concelho de Santo Tirso, abrindo também os cordões à bolsa para Famalicão, Guimarães e Maia. Em Santo Tirso, o Hospital que o Conde mandou construir e doou à Misericórdia mais a Escola para ambos os sexos, com residência para os professores, conquistaram-lhe a imortalidade.

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Albino de Sousa Cruz, da freguesia de Palmeira (Santo Tirso) que, aos 16 anos emigrou para o Brasil. onde, após 17 anos de trabalho como empregado numa Fábrica de Fumos, se estabeleceu por conta própria.

Então, começou a produzir cigarros enrolados em papel, fundando a Companhia Souza Cruz. Deve-se-lhe a primeira escola pública da sua freguesia natal. João Franco Ferreira Lopes e José de Moura Coutinho têm lugar, por direito próprio, na galeria dos “brasileiros” beneméritos. O primeiro, pela Escola de Guidões; o segundo, pela Escola de São Cristóvão do Muro. Evocámos Ferreira Lopes na colaboração anterior; hoje transcreve-se a disposição testamentária de Moura Coutinho: “Deixo o usufruto dos remanescentes da terça a meu irmão Manuel e a propriedade dos mesmos remanescentes será entregue à junta de paróquia da freguesia de São Cristóvão do Muro para a fundação e sustentação de uma escola de instrução primária para ambos os sexos na mesma freguesia.”

Outros – também beneméritos! – jazem no olvido dos seus conterrâneos e até dos familiares. O esquecimento foi sempre o aliado predilecto da ingratidão. Afinal, não tiveram a fortuna de obter fortuna e, talvez por isso, não regressaram. Não esqueçamos esses nossos conterrâneos que, a partir do Rio de Janeiro, corresponderam ao pedido que lhes dirigiu o Professor Crisanto Políbio Pereira dos Santos Cordona e Costa, da Escola Primária Masculina do Muro e enviaram três mil escudos para a electrificação da mesma escola. Foram eles: Augusto Dias da Cruz, de Vilares, filho de Joaquim Dias da Cruz e de Florinda Dias da Costa, nasceu em 20 de Setembro de 1905; Lázaro Ramos de Almeida, de Vilares, filho de António Ramos de Almeida e de Lucinda da Silva Castro, nasceu em 22 de Dezembro de 1906; José Maria de Oliveira Rodrigues, de Gueidãos, filho de Bernardino de Oliveira Rodrigues e de Lucinda da Costa, nasceu em 9 de Setembro de 1907; Alfredo Dias de Azevedo, de Igreja, filho de Elias Dias de Azevedo e de Maria Dias Pereira, nasceu em 11 de Dezembro de 1916; Aureliano Ramos de Sá, de Quintão, filho de Alfredo de Oliveira Sousa e Sá e de Lucinda Ramos da Silva, nasceu em 30 de Agosto de 1909; Joaquim Ramos de Almeida, de Vilares, filho de Joaquim Ramos de Almeida e de Angelina Maria da Silva, nasceu em 10 de Fevereiro de 1894 e António da Silva Maia, de Vilares, filho de António Francisco Maia e de Maria Rosa da Silva, nasceu em 23 de Fevereiro de 1897.

A Junta de Freguesia do Muro, na sessão de 20 de Março de 1949, aprovou um voto de louvor a estes “brasileiros” beneméritos e pediu à Câmara Municipal uma verba para se electrificar também a escola feminina, visto que a despesa agora estava reduzida a metade. A Câmara concedeu um subsídio de três mil escudos, para o fim pretendido.

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