Trofa
Trofense distinguido com Prémio Pedagógico da Universidade do Minho
O prémio vem juntar-se ao Diploma de Mérito Pedagógico, que o professor tem conquistado nos últimos cinco anos, fruto das avaliações positivas dos alunos.
O trofense Filipe Portela, professor convidado do Departamento de Sistemas de Informação da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), foi distinguido com o Prémio Pedagógico EEUM 2025, que reconhece o docente que mais se destacou no ano letivo 2023/2024, pela aplicação de práticas inovadoras de ensino, pela ligação à sociedade e pela promoção da Escola e dos seus estudantes.
Trata-se de um reconhecimento atribuído pelos pares, o que, para o docente, confere à distinção “um valor ainda mais especial”. “O ensino é, antes de tudo, uma paixão e uma vontade constante de inovar e fazer diferente. Gosto de contribuir para uma sociedade mais culta, mais digital e mais consciente do papel da tecnologia no futuro”, afirmou Filipe Portela, em entrevista ao Jornal do Ave.
O prémio vem juntar-se ao Diploma de Mérito Pedagógico, que o professor tem conquistado nos últimos cinco anos, fruto das avaliações positivas dos alunos. “Cada ano letivo representa um novo ponto de partida: novos alunos, novas experiências, novas oportunidades de partilha e de aprendizagem. Este prémio é a confirmação de que todo esse esforço tem valido a pena”, sublinha.
Com uma carreira docente marcada pela inovação e pela ligação entre o ensino, a investigação e o mercado de trabalho, Filipe Portela começou, em 2016, a investigar novas formas de aprendizagem que colocam o aluno no centro da ação. Dois anos depois, criou o TechTeach, um paradigma de ensino que combina metodologias como a aprendizagem invertida, o b-learning, a gamificação, o trabalho por projeto e o desenvolvimento de soft skills.
“O objetivo é promover uma aprendizagem ativa e diferenciada, em que o aluno tem um papel verdadeiramente participativo”, explica.
Ao longo dos anos, o modelo tem sido aperfeiçoado e complementado com ferramentas criadas pelo próprio docente, como a plataforma ioEduc, que integra tecnologia e gamificação no processo de ensino-aprendizagem. “Inovar é essencial para evoluir”, sublinha, reconhecendo que “o tempo e a resistência à mudança” são os maiores desafios de quem tenta fazer diferente.
No portefólio que apresentou na candidatura, Filipe Portela quis primar pela diversidade e complementaridade entre o ensino, a investigação e o empreendedorismo. “Entre os principais elementos, destaco a escrita do meu terceiro livro técnico, ‘Programação e Algoritmia com Python’, que serve de base às minhas aulas, bem como a orientação de teses de mestrado, a atribuição de bolsas de investigação e a organização da ICPEC, uma conferência científica dedicada ao ensino da programação. Saliento igualmente a participação em workshops e palestras, a colaboração com núcleos de estudantes e com uma júnior empresa, e a integração dos alunos na escrita de artigos científicos, práticas que considero essenciais para o desenvolvimento de competências de investigação, pensamento crítico e trabalho em equipa”, frisou.
Ensino próximo, humano e participativo
Para Filipe Portela, a proximidade com os estudantes é determinante para o sucesso pedagógico. “O ensino é, acima de tudo, uma relação humana, e o respeito deve ser sempre mútuo. É essencial mostrar-lhes que todos somos humanos e que também podemos falhar”.
O professor criou uma plataforma de conversação online, onde os alunos podem colocar dúvidas ou partilhar ideias, comprometendo-se a responder “em menos de uma hora”. Esse modelo de acompanhamento contínuo, diz, “tem sido amplamente reconhecido e valorizado pelos estudantes”.
Além do contacto direto, Portela aposta em práticas pedagógicas inovadoras que estimulam o envolvimento e a autonomia dos alunos. Entre elas, destacam-se os cartões de desempenho, que permitem monitorizar o progresso e reconhecer o esforço dos estudantes, e o “resgate de nota”, mecanismo que possibilita a recuperação de alunos que demonstraram empenho, mas não obtiveram a classificação desejada.
Outra das estratégias inovadoras é a criação de “caminhos de aprendizagem diferenciados”, que permitem que cada aluno escolha entre um percurso tradicional ou um mais especializado, ajustado aos seus objetivos e ritmo de aprendizagem.
Ligação entre universidade e empresas
Grande parte da vertente prática do ensino de Filipe Portela decorre da sua ligação ao mercado de trabalho e à criação de uma Academia de Formação que aproxima a universidade da indústria e da sociedade. “Esta ponte permite desenvolver parcerias com empresas, promover estágios, conceder bolsas de investigação e integrar os alunos em projetos e desafios reais”.
Acreditando que o conhecimento deve ser vivido e não apenas ensinado, o professor transforma conteúdos teóricos em experiências práticas e revê anualmente os materiais das suas unidades curriculares, incorporando novas tecnologias e exemplos atuais.
Entre as suas iniciativas mais recentes, destaca-se a integração da Inteligência Artificial Generativa no processo de correção de exercícios, permitindo “uma análise mais justa e formativa, que valoriza o trabalho colaborativo e o desenvolvimento contínuo de competências”.
Com o avanço da tecnologia e a integração da Inteligência Artificial no quotidiano, Filipe Portela considera que o ensino superior enfrenta hoje novos desafios. “O ensino mudou e hoje é mais exigente com os professores. Precisamos de inovar e pensar fora da caixa. Não devemos afastar as tecnologias das salas de aula, mas sim ensinar os alunos a utilizá-las de forma ética, crítica e responsável”, advoga.
A literacia digital, defende, é uma competência essencial para o futuro. “O nosso papel deve ser o de ensinar as bases do conhecimento e ajudar os alunos a compreender como a tecnologia pode ser usada para resolver problemas reais e potenciar o pensamento crítico”.


