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Edição 467

O PCP e a Trofa

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atanagildolobo

Neste país, em que à europa sem misérias que nos prometeram sucederá um tempo de 20 anos de empobrecimento já anunciado por Cavaco Silva, leva-nos à conclusão da razão que a história tem dado às posições políticas do PCP. Desde a integração na CEE à união monetária e ao euro, as advertências cautelares do PCP mostraram-se pertinentes e assertivas, o que fazem do Partido Comunista Português a força melhor colocada para defender os trabalhadores, o povo em geral e o interesse nacional.

Neste ano em que o PCP comemorou recentemente 93 anos da sua existência e em que se festeja o 40.º aniversário da revolução do 25 de Abril de 1974, resolvemos dar pequenas notas da nossa memória sobre a história do PCP no território que hoje constitui o concelho da Trofa. Dos anos cinquenta até hoje, S. Romão do Coronado e Guidões mostraram-se as freguesias onde o PCP tem maior influência. S. Romão provavelmente por alguma ligação do operariado a grandes empresas como a Preh e a siderurgia nacional, e Guidões, pela influência cultural ao longo de anos de determinados elementos do partido que, ligada a uma organização partidária que sempre funcionou com uma eficaz intervenção política contribuíram para esta constatação. A Trofa sempre foi uma região difícil para o PCP, dado o poder económico dominante, o caciquismo e o “medo” que acabavam por afastar as pessoas deste partido. Não terá sido por acaso que, alguns meses após o 25 de Abril de 1974, o primeiro comício do PCP que iria ser realizado no antigo cinema Alves da Cunha sofreu um boicote. Logo de início, nem o hino nacional acabara e prontamente, gente a soldo, impediu sua realização, transformando o local numa arena de luta. Foi extraordinária a multidão solidária dos democratas e dos comunistas das regiões circunvizinhas, que nos dias seguintes inundaram a Trofa, tendo-se realizado provavelmente a maior manifestação partidária de sempre, com a rua Conde de S.Bento, de uma ponta à outra, repleta de gente solidária com o PCP e com a liberdade. Só passados quase 40 anos o PCP voltou a realizar um comício na trofa com Jerónimo de Sousa, enchendo o salão da junta de S. Martinho. Todos os secretários-gerais do PCP passaram pela Trofa após o 25 de Abril. Álvaro Cunhal, pelo menos uma vez, Carlos Carvalhas diversas vezes e Jerónimo também uma vez.

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Uma das características do PCP, ao contrário do que muitos pensam, é o seu trabalho unitário, a sua capacidade de desenvolver com outros ações com objetivos concretos. E tanto o consegue fazer com outros partidos, como com pessoas de quadrantes ideológicos diversificados. Para além disso, no trabalho de objetivos políticos, nomeadamente eleitorais, sempre esteve aberto a coligações de esquerda, com outros partidos e com democratas independentes que, pensando de forma diferente, comungavam no essencial, dos valores, princípios e objetivos democráticos e socialistas preconizados pelo PCP. Assim foi com a FEPU, APU e hoje com a CDU.

Entre outros comunistas da Trofa recordamos o autodidata Fernando Lopes, os sempre bem-dispostos Alfredino, Félinhos e Fontes e o sempre trabalhador Pimentel. Não esqueceremos o Tone «pistolas», falecido ainda jovem com a família, num trágico acidente de viação; não esqueceremos as «mães», aquelas mulheres solidárias, que se inscreveram no partido, também para ajudar os seus filhos militantes: a Maria Amélia, a Maria Agostinha e a Isaura Martins, minha mãe. Não podería deixar de evocar o meu grande amigo Arnaldo Manelo e meu pai – Augusto Lobo – que foi um exemplo como comunista e como homem para mim e, penso, para todos. Dos democratas independentes que colaboraram com o PCP, salientaremos, pelo carácter, pela verticalidade, frontalidade e dignidade que os caraterizava, homens como Cabral Bastos, Carmona, Cabrita, Eng.º Naturcélio, Agostinho Castro Lopes e Manuel Abreu.

Foi também com dois comunistas da Trofa, que faziam parte da comissão concelhia de Santo Tirso do PCP, que se estrearam os contactos com a comissão promotora da Trofa a concelho. Os representantes desta estrutura, o Eng.º Pedro Costa e o Sr. Adélio Serra encetaram os aludidos encontros com esses dois comunistas trofenses que, por sua vez, persuadiram a referida comissão concelhia de Santo Tirso a dar o seu aval e apoio à criação do nosso concelho, tendo depois, mais tarde essa posição sido sufragada por todo o coletivo partidário do PCP. Uma história que está por contar, mas que tem tanta importância como qualquer outra. Sem ela, a história seria incompleta. Sem ela a Trofa não seria concelho.

Guidões, 28 de Março de 2014,
Atanagildo Lobo

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