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Edição 555

O pai da Orquestra que misturou o rock com a música popular (c/video)

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Mais de 60 músicos, de todas as idades e provenientes de diversos grupos musicais organizados do concelho, juntaram-se e deram corpo a um reportório que procurou o cruzamento das diferentes linguagens musicais. No âmbito da comemoração do Dia Mundial do Compositor, a 15 de janeiro, o NT entrevistou o produtor musical, que falou do seu trajeto na música, dos projetos que integrou e dos novos que aí vêm e que incluem a Trofa.

O Notícias da Trofa (NT): Quando e como começou a sua ligação com a música?
André No (AN): Acho que desde sempre estive ligado à música. Os meus brinquedos eram instrumentos, aos quatro anos fui estudar piano com o professor Carlos Alberto e aos 13 integrei a primeira banda de rock como guitarrista. Penso que terá sido a partir daí que comecei a sentir a verdadeira ligação à música e o sonho do que queria ser. Com a saída do baterista da banda em que tocava, assumi eu as funções. Desde então, passou a ser o meu instrumento. Até à minha ida para Espinho para fazer o curso de percussão, tive uma breve e curta passagem pelo CCM (Centro CulturaMusical) onde estudei violino. Depois do curso, dediquei-me ao estudo do jazz com músicos bastante dotados desta linguagem. E aqui começa verdadeiramente a minha atividade profissional como músico.

NT: Que projetos musicais integrou até agora?
AN: Orquestra Urbana, Big Band of Friends – incluindo concerto com Rui Veloso -, Contratadeiras, Stopestra, Funfarra, Glauco, Sandro Norton, Tde3, Banda Dixcartável, músico residente da banda do Portugal no Coração (RTP1), Avoid Note, Fado em Sib, Outorga, Coolmeia, Retimbrar, Edrigba, Gnomo, Conto de duas Caras, YYZ, Acidmass, Full Stock e Seven Seas.
Nestes projetos era membro integrante da banda. Para além destes, fiz vários concertos com outras bandas como freelancer.

NT: Qual foi aquele que mais o satisfez?
AN: As bandas que mais me satisfizeram e pelos os quais criei uma relação próxima e me apaixonei pelo trabalho desenvolvido e pelo sucesso alcançado foram a Orquestra Urbana, as Contratadeiras, Funfarra, Glauco, Fado em Sib e Acidmass.

NT: Em qual papel se sente melhor, a compor ou a tocar? Porquê?
AN: Talvez a tocar ao vivo. Adoro as duas. São trabalhos completamente diferentes. Compor é quase um trabalho de laboratório, onde se fazem experiências, onde levamos a criatividade ao limite e onde se trabalham opções, técnicas e linguagens a ser abordadas. A composição, assim como a produção musical, são trabalhos que me atraem muito. Neste processo sinto controlo da situação e dependo só de mim. Tenho feito algumas criações e produções musicais, assim como o filme “Backward” de Júlio Torcato (vencedor do 1.º Fashion Film Festival), Hino dos Lenços das Madrinhas de Guerra, musical Ilha dos Amores…
Tocar ao vivo a sensação é outra, é o “agora”, o público, o prazer de tocar em banda, o espetáculo, a ansiedade do momento. Para mim, o concerto começa desde que saio de casa e acaba quando me deito. Todos os momentos antes e depois de cada concerto são importantes para a performance, desde o convívio à montagem e desmontagem dos instrumentos. Tudo isto faz com que tocar ao vivo seja realmente muito especial.

NT: Qual o tipo de música com o qual se identifica mais? Como descreve a música que cria?
AN: Não gosto muito de pensar na música como estilos, mas infelizmente, temos que atribuir rótulos, para encaixar e definirmos o público a que queremos chegar. Cresci com o rock, mas a maior parte da minha vida profissional está mais ligada ao jazz, à música tradicional portuguesa e às músicas do mundo. Não sei dizer qual o estilo que mais me identifico, mas o jazz, como vive primordialmente da improvisação, torna-o cativante e absorvente, por outro lado o rock leva-me a sensações que não consigo descrever, tão boas e tão contraditórias entre si que me deixa em êxtase.
Quanto à música que crio não a consigo definir, é uma mistura de tudo o que ouço, toco e vivo. Tudo nos influencia e o momento é crucial.

NT: Como nasceu o projeto “Sons Urbanos da Trofa”? Quanto tempo demorou a prepará-lo e a concretizá-lo?
AN: O projeto “Sons Urbanos” nasce na sequência de um curso de Animador Musical que fiz na Casa da Música, liderado pelo Maestro Tim Steiner, e de trabalhos que tenho vindo a realizar com diferentes comunidades, desde grupos de percussão a coros. Com estas experiências, decidi então juntar, baralhar tudo. Criei o conceito, escrevi-o e apresentei ao município da Trofa, que logo acreditou e apoiou. Do projeto “Sons Urbanos” nasceu a Orquestra Urbana, destinada a grupos musicais organizados dentro do concelho da Trofa, misturando bandas de rock, música tradicional e popular portuguesa, grupos de percussão e coro. O projeto está também aberto a pessoas que queiram experimentar ou participar, mas nesta primeira fase houve muito pouca adesão.
O projeto passou por várias fases. Primeiro, sensibilização junto dos grupos, explicando o objetivo da formação desta Orquestra. Depois, a realização de workshops destinados à comunidade, a fim de experimentarem novas formas de abordagem musical e fazer música em grupo e no momento. Assim que os grupos abraçaram a Orquestra, deu-se início aos ensaios. Na maior parte do tempo, os ensaios foram feitos com cada grupo, individualmente, e esta fase foi muito engraçada. Como a linguagem abordada não é a mais comum e a aprenderem o reportório, sem perceberem qual o resultado final, por vezes pensavam que era maluco e verbalizavam mesmo. Depois de quase quatro meses de ensaios individuais, dá-se início aos ensaios da Orquestra. Aqui fez-se luz e muita música. Bons momentos se viveram, oito grupos de idades e correntes musicais bem distintas a partilharem e conviverem no mesmo espaço musical, trocando experiências e comungando do mesmo sentimento que os unia, a música.
NT: O que é que pretendeu transmitir com o Concerto da Orquestra Urbana da Trofa?
AN: O objetivo da Orquestra Urbana foi conseguido e com sucesso. Neste concerto, o pretendido era misturar mais de 60 músicos oriundos de diferentes correntes musicais e juntos apresentarem um espetáculo único. A motivação e o empenho dos grupos foram muito importantes para a realização deste concerto.

NT: Que dificuldades encontrou até à apresentação do resultado final? Este foi tal como tinha imaginado?
AN: Foi melhor do que imaginei. As dificuldades foram superadas com alguma facilidade. Para as coisas correrem bem é preciso alguma disciplina e isso fui trabalhando individualmente, pois se não o fizesse, quando juntasse a Orquestra iria ser o caos. Parte do reportório vivia de sinais, que significavam determinados sons e ambientes e aqui houve alguma dificuldade, mas o resultado foi conseguido. No final, no concerto de apresentação tivemos mais de 60 músicos no palco felizes por fazerem parte deste projeto e com vontade de fazer música.

NT: Tem projetos futuros em andamento? Se sim, pode falar-nos um pouco dele(s)?
AN: Sim, tenho novos projetos que em breve irão ver a luz do dia, mas por enquanto é cedo para falar deles. Posso só adiantar que parte destes projetos passam pela Trofa e cá vão crescer.

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Uma orquestra incomum

Atrevimento e inovação juntos no projeto “Sons Urbanos”, a mais recente iniciativa musical dirigida pelo músico André No, de onde nasceu a Orquestra Urbana da Trofa, que foi apresentado a 20 de novembro, no salão polivalente dos Bombeiros Voluntários da Trofa. Deixamos agora o espectáculo. Video André NO

Publicado por TrofaTv em Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2015

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