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O Bloco de Esquerda vai nu e mostra os seus atributos naturais

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O partido político português a que melhor lhe assenta o epíteto de “esquerda caviar” é o Bloco de Esquerda (BE), que nasceu em finais de fevereiro do século passado através de um “casamento de interesses” de partidos que se alimentavam de um ódio figadal histórico, como eram os marxistas-leninistas-maoístas da União Democrática Popular (UDP), os trotskistas do Partido Socialista Revolucionário (PSR) e os neocomunistas da Política XXI. O único fator comum entre estes partidos revolucionários era o controlo do poder através da instauração da ditadura do proletariado, para a implantação de um estado comunista.

O BE tem na sua génese estes princípios ideológicos retrógrados, que nasceram há mais de 150 anos (na segunda metade do século XIX), num contexto social e económico provocado pela transição dos métodos de produção artesanais para a produção mecanizada. Passados quase dois séculos, os principais representantes dessa ideologia esclerosada são os atuais dirigentes do BE, que continuam a defender a luta de classes (empregados contra empregadores, inquilinos contra senhorios), embora muitos bloquistas se situem, na sua génese, do outro lado da barricada da luta de classes, pois alguns são proprietários e senhorios abastados.

Num passado bem recente, os bloquistas vociferavam contra o neoliberalismo e as políticas de austeridade, mas como fizeram um casamento de conveniência (a “Geringonça”), para apoiar o atual governo (que tem abusado das políticas neoliberais, muitas vezes mal), já não se veem nem se ouvem os dirigentes do BE a gritar em manifestações de rua, contra o neoliberalismo e as políticas de austeridade. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, exceto quando alguém discorda deles que é logo apelidado de fascista, racista, machista, homofóbico. No insulto é que se mantêm iguais!

O Bloco de Esquerda vai nu e mostra os seus atributos naturais (pouco abonatórios), pois desde que se sentou à mesa do poder, muitos dos seus dirigentes começaram a utilizar uma nova dialética, embora nas manifestações continuem a utilizar a sua verborreia mais radical. 

O Bloco de Esquerda vai nu e mostra os seus atributos naturais (pouco abonatórios), pois desde que se sentou à mesa do poder, muitos dos seus dirigentes começaram a utilizar uma nova dialética, embora nas manifestações continuem a utilizar a sua verborreia mais radical. Esta postura não passa de uma tentativa frustrada, para ocultar a incoerência gritante entre o dizer e o fazer, pois estão sentados comodamente à mesa do poder, onde trocaram as suas grandes bandeiras por pequenos galhardetes. É também uma tentativa desesperada para segurar o seu eleitorado, que está a fugir para outras paragens, que não a sua.

É a incoerência gritante de políticos que num passado não muito longínquo apontavam a Albânia, como o exemplo europeu, de um país verdadeiramente socialista, governado por Enver Hoxha, um ditador comunista da pior espécie. Alguns dos atuais ideólogos bloquistas até organizavam excursões políticas, com o intuito de “mostrar in loco” o que era um “paraíso socialista”, na Europa, quando a Albânia não passava de um dos países mais pobres do mundo, como se veio a constatar após o colapso das ditaduras comunistas na Europa.

Incoerência e descaramento! Foi o que aconteceu quando apoiou o “Brexit” (a saída do Reino Unido da União Europeia) tendo por companheiros os partidos anti-imigração e xenófobos, como o partido de Marine Le Pen, mas depois teve o despudor de protestar contra a participação desta política francesa, como oradora convidada, na organização da Conferência de Lisboa da Web Summit, a maior conferência de tecnologia e startups da Europa.

Também há dirigentes bloquistas que criticam a política de interesses pessoais por parte de políticos, mas envolvem-se na aquisição de imóveis a entidades públicas, com isenção do IMI e o licenciamento de obras de beneficiação por parte da entidade pública onde desempenham um alto cargo executivo; manipulam os eleitores criticando a terrível especulação imobiliária, mas servem-se deste expediente para engordar a sua conta bancária; protestam contra os senhorios, mas são proprietários de edifícios de luxo com inquilinos; numa absoluta hipocrisia espalham pelas ruas do país cartazes que se anunciam contra os despejos, mas utilizam-nos para despejar os inquilinos que atrapalham o seu negócio imobiliário; tecem regularmente duras criticas à lei que criou o arrendamento local, mas são proprietários de vários alojamentos locais; apregoam ser os paladinos da moral e da verdade e os arautos do politicamente correto, mas praticam atos politicamente condenáveis e imorais. É a falsa “superioridade moral”; é a hipocrisia bloquista levada ao extremo!

José Maria Moreira da Silva

moreira.da.silva@sapo.pt

www.moreiradasilva.pt

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