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Edição 687

“Nunca imaginei um emprego que não fosse ligado à Natureza”

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Num mundo cada vez mais tecnológico, ainda há quem veja na terra e na natureza o caminho para a felicidade. Em contraponto com a tendência crescente de desinteresse dos jovens pela agricultura, há quem invista a formação académica nessa área, agarrando as oportunidades que surgem. O NT falou com Gil Sá, 23 anos, residente na Maganha, Santiago de Bougado, que enveredou pelo curso de Agronomia na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, para cumprir o sonho de criar o próprio negócio ligado aos vinhos. Atualmente a concluir o mestrado em Agricultura Biológica na mesma Escola Superior, o jovem redirecionou os projetos, mas sem perder o foco na Natureza.

O Notícias da Trofa (NT): Como surgiu o teu gosto por esta área?
Gil Sá (GS):
Nunca imaginei um emprego que não fosse ligado à Natureza e tudo começou depois de ter visto uma série de documentários na área da viticultura e enologia. A minha média era suficiente para entrar noutros cursos de áreas completamente diferentes, mas o meu objetivo era conseguir um dia ter o meu próprio negócio ligado à viticultura e enologia e que este fosse reconhecido.

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NT: Que expectativas tinhas quando enveredaste por esta formação superior?
GS:
Quando entrei no curso de agronomia e à medida que o fui fazendo, descobri que haviam vários ramos neste grande setor que é Agricultura. Queria muito aprender sobre vinho, mas à medida que o tempo passou surgiram novas ideias e novos planos. Esta formação e mesmo a instituição que me formou, não só corresponderam às expectativas como as superaram. Criei muito boas relações com docentes que ainda hoje me orientam e me aconselham.

NT: E a tua escolha foi bem compreendida pela tua família?
GS:
O que eu acho desde o início, é que a Agronomia sempre foi e sempre será uma área com saída, quer para mercados de trabalho onde se trabalha por conta de outrem, quer para mercados de trabalho em que se trabalha por conta própria. Aliás, um dos maiores problemas das empresas agrícolas neste momento, que fui constatando à medida que falava com produtores, é a falta de mão de obra. Relativamente à opinião da minha família, sempre me deixaram escolher a área que eu quis e nunca foram um entrave para concluir os meus objetivos, pelo contrário, sempre me apoiaram em tudo.

NT: Que objetivos tens para a tua carreira no futuro? Esses objetivos passam por um projeto no setor, na tua terra Natal?
GS:
Neste momento, o meu objetivo passa por tirar um Doutoramento e seguir carreira de ensino e investigação. Como disse anteriormente, as ideias e os planos foram mudando à medida que fui concluindo o curso. Contudo, não coloco de parte, de maneira alguma, a ideia inicial de criar a minha empresa. Se será implementada na minha terra natal? Não sei, só o tempo e as oportunidades disponibilizadas o dirão.

NT: Que opinião tens relativamente à perceção que os jovens da tua idade têm sobre a importância do setor primário?
GS:
Penso que neste momento ainda há muita desinformação, e, arrisco-me a dizer, uma certa ignorância, acerca daquilo que é a agricultura. “Que curso estás a tirar?” – “Agronomia” – “O que é isso?”. Hoje em dia, os jovens optam muito mais pelas áreas das engenharias tecnológicas, direito, saúde, etc. Acontece que, muitas vezes, esses mesmos jovens não sabem de onde veio aquilo que têm no prato todos os dias. Obviamente, existem exceções, que são aquelas pessoas que passaram grande parte da sua infância com os avós que semeavam batatas e plantavam couves. Felizmente, cada vez mais se fala na agricultura na comunicação social e se debate temas bastante complexos e polémicos ligados ao setor primário, o que vai fazendo com que mais jovens se interessem ou pelo menos se informem mais.

NT: E que tipo de apoio o teu país dá a quem quer progredir com uma carreira neste setor?
GS:
No que toca ao incentivo do nosso país aos jovens a seguirem a sua formação na área da agronomia, penso que seja ainda muito fraco. Fala-se muito que a agricultura é importante e que necessitamos de jovens agricultores, mas não vejo medidas concretas para assegurar isso. Relativamente à criação de empresas, felizmente, por enquanto, temos um quadro comunitário da União Europeia (PDR2020) que além de ter vindo ajudar muitos agricultores a revitalizar e/ou aumentar a sua exploração, também ajudou muitos jovens a criar as suas próprias empresas agrícolas, mesmo jovens sem formação na agricultura, mas que despertaram o seu interesse pela área. Já tive colegas que têm formação em áreas completamente distintas da agricultura, mas estão a tirar mestrado nesta área para adquirirem competências e conhecimento porque se querem candidatar ao PDR2020 e implementar um projeto agrícola.

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