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Memórias e Histórias da Trofa: Augusto César Salgado

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Nascido a 12 de outubro de 1867, na freguesia de S. Nicolau (Porto), apesar de os seus pais viverem à época em Santiago de Bougado, Augusto Salgado iria regressar à Trofa certamente com dias de vida. O facto de ser o único filho a nascer fora da Trofa pode dever-se à idade da sua mãe e ao facto de ter tido outros filhos e num desses partos poderem ter surgido complicações. Assentou praça no exército luso no dia 27 de outubro de 1887, como voluntário para servir por 12 anos no Regimento de Caçadores n.º 9, que era localizado na cidade do Porto e que foi sendo desmantelado pelos poderes governativos e pelo permanente carácter revolucionário dos seus militares.

Foi promovido a cabo em 30 de abril de 1888 e promovido a 2.º sargento em poucos meses. É importante referir que o seu curso de cabo foi feito com sucesso e distinção.

O falhanço do 31 de Janeiro de 1891, no Porto, fez com que ele tivesse de fugir e ser refugiado político, passando por Espanha, onde fez parte da célebre fotografia dos exilados do 31 de Janeiro em Espanha.

Acabaria por encontrar refúgio no Brasil, aproximadamente em 1906, com o apoio de quem viria a ser seu sogro, e a sua primeira esposa ia falecer em território brasileiro. Fixou residência em Piracicaba, um município do interior do estado de São Paulo onde constituiu família e, no presente, ainda tem descendência em território brasileiro noutra localidade.

O seu percurso social naquele território foi simplesmente fantástico: foi responsável por reger os estatutos da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Piracicaba, professor e secretário da atual Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de S. Paulo e membro da fundação de um clube para os portugueses se poderem encontrar e conviver.

Partiria para Portugal, em 4 de janeiro de 1911, com a sua família a procurá-lo a 19 de maio de 1919, porque estranhamente se deslocou ao nosso país, não deixando mais rasto da sua existência para os seus.
Nesta fase em que esteve incontactável, chegou a ser presidente da Câmara de Municipal dos Arcos de Valdevez por alguns meses após nomeações do governo em 1913. Relativamente ao seu percurso militar, é importante referir que seria promovido a Alferes, em 11 de maio de 1904, e a Tenente, a 1 de dezembro de 1908, conforme consta da documentação de 15 de novembro de 1910, assinada nos Paços do Governo da República. Uma forma de compensar o contributo dos militares republicanos aquele tipo de medidas. Os últimos meses da sua vida foram dramáticos. Deu entrada no Hospital Militar do Porto, em 21 de dezembro de 1921, e iria falecer vítima de cancro, a 2 de fevereiro de 1922, supostamente sozinho e com graves problemas financeiros. Uma vida preenchida e intensa de um cidadão que passou a sua infância na Trofa e que só após a morte do seu pai se viu obrigado a procurar um novo destino através do Colégio dos Órfãos do Porto.

José Pedro Reis

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