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Historiador da Trofa escreve biografia de Heliodoro Salgado

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“Reparar” um “erro grave” da história da Trofa foi a principal missão que José Pedro Reis com a publicação da biografia de Heliodoro Salgado. A obra “Heliodoro Salgado – Um Homem de Lutas” foi editada e será apresentada a 4 de janeiro, às 21 horas, no auditório do polo de Santiago da Junta de Freguesia de Bougado.

O historiador trofense José Pedro Reis quer imortalizar o papel de Heliodoro na “terra que o acolheu” e no país, já que foi uma personalidade que “muito deu à sociedade portuguesa”. “Heliodoro Salgado surge como personagem a estudar, pela mera curiosidade de historiador”, explicou em entrevista ao NT. Por considerar que as referências constantes na obra de Napoleão Sousa Marques eram “vazias de conteúdo para a vida de alguém que tem o seu nome em ruas de muitas cidades”, José Pedro Reis partiu à descoberta. Em várias bibliotecas, incluindo a Nacional, deparou-se com informação sobre a personagem e, sobretudo, com “os seus escritos”. A busca continuou “em alfarrabistas, em artigos online e em conversas com outros historiadores” e até depois de a biografia estar editada o historiador continua a colecionar informações.
Ao longo do livro, José Pedro Reis percorre a vida de Heliodoro Salgado, desde o nascimento até à sua morte repentina, em Lisboa, “poucos dias antes” da data escolhida para regressar à Trofa “para visitar a mãe”. “A morte da sua irmã, a sua luta anticlerical, a defesa dos trabalhadores e outras batalhas ao longo da sua vida” também foram exploradas pelo historiador, que se surpreendeu “várias vezes” enquanto estudava a vida desta figura.


“O seu desejo intransigente pela igualdade social, procurando sempre, mas sempre, uma sociedade mais justa, com um ardor que acabaria por resultar, várias vezes, na privação de liberdade” foi uma das “lutas” que entusiasmou José Pedro Reis ao longo da investigação, mas também a perceção de que Heliodoro Salgado “tinha uma enorme ligação à Trofa, não deixando de voltar à sua cidade, ao contrário de que outros tentaram fazer passar”.
“Ele tinha um enorme desejo de escrever, de procurar defender os seus ideias e fazer com que os mesmos chegassem junto dos mais pobres. Apesar de ser jornalista, escreveu para vários jornais sem nunca receber um cêntimo. Preocupava-se apenas em viver com o mínimo, que há informação de que dias antes da sua morte, a míngua era tão grande que comeu apenas duas maçãs. Quem se sujeitava a isto para defender o que acreditava e, sobretudo, os mais pobres e excluídos?”, referiu José Pedro Reis.
O historiador aponta ainda para “vários registos jornalísticos” que dão conta que esta conduta de Heliodoro Salgado resultou num claro reconhecimento no dia do funeral, com a presença de “aproximadamente 200 mil pessoas”. “Lisboa paralisou”, acrescentou.
Para José Pedro Reis, Heliodoro Salgado “teve uma preocupação enorme com toda a comunidade em vários pontos do país, tanto no Porto, como em Lisboa e mesmo no interior do país”, com uma “ação fundamental juntos dos operários”, não só através dos artigos nos jornais, mas também dos “comícios” que fazia e que eram assistidos “por milhares de pessoas”. “Era um dos oradores mais temidos pelas autoridades, porque, quando ele pegava na pena para escrever para os seus jornais, era bastante acarinhado pela massa popular, aliás era comum nas sociedade operárias haver alguém que lesse o jornal para que todos os outros pudessem perceber o que estava escrito”, explicou.
Pelo que descobriu da vida desta personalidade, José Pedro Reis considera que é de elementar justiça que a Trofa, como terra que o acolheu, o recorde condignamente, por isso, na última sessão da Assembleia Municipal, interveio para sugerir que Heliodoro Salgado dê o nome à Escola Secundária da Trofa, como aconteceu com Napoleão Sousa Marques à EB 2/3.
Para sustentar a proposta, o historiador referiu que Salgado era um “enorme defensor da educação e da alfabetização”, tendo ainda lutado “contra os abusos que as crianças sofriam no seu tempo”. “Não devemos esquecer uma das suas célebres frases, ‘o lugar de uma criança é na escola e não numa oficina’”, sublinhou, sem deixar de referenciar “a luta contra a prostituição infantil, que mexeu profundamente com a sociedade”.

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