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Edição 551

Filosofando e Politicando

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As coisas que nós vemos, ouvimos e lemos não têm obrigatoriamente que ter acontecido, pois seria excessivamente absurdo pensar que aconteceram de verdade, quando podem não ter acontecido. Quantos de nós já se sentiram perturbados com a possibilidade de ter de fazer algumas afirmações a partir de notícias não confirmadas, mas difundidas massivamente pela comunicação social ou pelas redes sociais, porém, sempre que queremos colocar algum rigor naquilo que dizemos ou escrevemos, temos medo de cair num abismo de palavreado sem consistência. Muitas vezes são notícias infundadas, sem qualquer tipo de veracidade.
Para não cair em tal abismo criei o hábito de regressar àquelas informações que tenho garantia de virem de fonte segura e não de uma qualquer central de informações. Sinto-me na obrigação de cruzar toda a notícia oriunda de várias fontes, pois não quero ser comparsa de agentes poderosos e maquiavélicos que executam a teoria da conspiração. Se agora, neste momento, tivesse vontade de entrar nesse tipo de esquemas escreveria sobre o hipotético caso da fuga de Mário Soares, após o acidente de viação que teve em Lisboa, e que já muito foi dito sobre o assunto.
Eu não estava lá; não sei a verdade dos factos, mas no caso de Mário Soares ter mandado o seu motorista arrancar do local do acidente, o assunto teve o condão de suscitar, pela enésima vez, a questão da sua seriedade e de confirmar aquilo que estava mais que confirmado, que é a de ele continuar nos seus devaneios a viver à custa do erário público, pois para além de ter uma «reforma dourada» acumula ainda muitas mordomias – motorista, assessor, secretária, gabinete -, assim como é «dono» de uma Fundação, cuja principal atividade é receber desmesurados subsídios. Ah! É verdade, a sua Fundação também serve para fugir aos impostos, como muitas outras Fundações existentes, salvo raras exceções.
É um assunto que pode ser um não-assunto, dependendo do ponto de vista de cada um, como acontece com a governação em contexto de austeridade. Quando os partidos estão na oposição, a austeridade é um «monstro» que suga os nossos bolsos; quando estão na governação a austeridade é uma necessidade imperiosa e patriótica. Aconteceu assim, por exemplo, na Grécia (veja-se a aplicação da austeridade pelo Syriza – os bloquistas gregos, coligados com a extrema-direita) ou em França (a austeridade aplicada pelos socialistas).
Em Portugal o cenário também vai ser assim, mas com a diferença de a austeridade vir a ser aplicada por uma «coligação» alargada de muitos «istas»: socialistas, comunistas, bloquistas, «verdistas» e às vezes também os «panistas». Ninguém tem dúvidas que assim vai acontecer, embora também não tenho dúvidas, que os simpatizantes desta «coligação de muitos istas» virão a «terreiro» catalogar estas minhas palavras como ideias falsas ou pertencendo a planos secretos e fazendo parte da teoria da conspiração pérfida, para desacreditar e desestabilizar a ação governativa, que já está a braços com greves lideradas pelos seus parceiros comunistas, que estão com um pé dentro e outro fora do governo. Porque será? Se na vida diária, um daqueles que gostam de saber tudo mas se recusam a aprender seja o que for me interrogasse sobre a definição filosófica deste «casamento de conveniência de muitos istas», de partidos à esquerda e à esquerda da esquerda no espectro político e ideológico português, que muitos chamam de um «saco de gatos», responderia que existindo cada partido político como uma coisa diferente da outra, não têm de tornar-se diferentes daquilo que já são diferentes, mas já são diferentes daquilo de que já são diferentes, tornaram-se diferentes daquilo de que se tonaram diferentes, pela força das circunstâncias virão a tornar-se diferentes daquilo que serão diferentes, mas não podem ter sido, nem podem vir a ser, nem podem ser diferentes daquilo que estão a tornar-se diferentes; apenas podem tornar-se diferentes.
É tudo sobre o que para já me apetece escrever sobre a «sociedade socialistas & amigos, Ilimitada», que vão «oferecer» aos portugueses uma «mão cheia de nada» e a outra «mão cheia de dívidas». É para cumprir a tradição, pois está no seu gene! Sempre assim foi e sempre assim será. Infelizmente!
Quando escrevo é para exortar os meus sentimentos, deixar um pouco de mim no mundo e para desenvolver livremente uma ideia, um pensamento critico, político ou filosófico. Mas tenho imenso receio quando penso que, para escrever aquilo que idealizo tenho de atravessar a nado um imenso mar de argumentos, para fazer a respetiva seleção das palavras. A prática diz-me que na abordagem deste tipo de escrita que muitos apelidam de subtilezas engenhosas é preciso praticar e exercitar uma averiguação mais reiterada, pois de outro modo, a verdade vai escapar-se para outros caminhos que não os nossos. Se não praticarmos a investigação dos factos, não conseguimos contemplar a verdade na sua simplicidade.
Havia muito mais matéria para ir filosofando e politicando, mas falta-me o espaço e o apetite.

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