Colóquio da COOPAVE refletiu sobre o futuro da agricultura

O Fórum Trofa XXI foi, a 4 de julho, o palco de um colóquio promovido pela COOPAVE – Cooperativa dos Agricultores de Santo Tirso e Trofa, integrado nas comemorações do 50.º aniversário da instituição. Sob o tema “O setor agrícola de olhos postos no futuro”, o encontro reuniu especialistas, agricultores, empresários e representantes de diversas entidades ligadas ao setor primário, com o objetivo de debater os desafios e as oportunidades da agricultura na região e no país.

Na abertura do colóquio, Jorge Oliveira, presidente da COOPAVE, sublinhou o duplo significado do evento: “Este é um momento de reflexão sobre o futuro do setor agrícola em Portugal, mas também uma celebração de cinco décadas de história, de trabalho coletivo e de resiliência. Ao longo destes 50 anos, a nossa cooperativa desceu, evoluiu e afirmou-se como um pilar de desenvolvimento rural do nosso território”, referiu.

O responsável destacou ainda o papel essencial dos agricultores e da cooperativa na dinamização da economia local e frisou que o colóquio pretende ser o início de um ciclo de debates e ações concretas. Entre os temas abordados, estiveram as alterações climáticas, a escassez de recursos e a necessidade de inovação e sustentabilidade. Jorge Oliveira defendeu que “as pequenas explorações familiares, a fragmentação do território e a escassez de investimento” colocam os produtores “perante obstáculos difíceis”, porém, o otimismo sustenta-se pela capacidade de terem “produtos únicos, saberes ancestrais e jovens empreendedores com vontade de fazer diferente”.

Ainda assim, é na renovação geracional que reside outra das preocupações, uma vez que, na ótica do presidente da COOPAVE, é essencial para enfrentar o encerramento de explorações pecuárias.

Também Carlos Duarte, presidente da Litoral Rural, marcou presença no colóquio e trouxe exemplos práticos de estratégias já em curso em outros pontos do país, nomeadamente em Matosinhos e na Maia, para apoiar o pequeno agricultor e diversificar as fontes de rendimento das explorações.

“O agricultor, para além de produzir alimentos, pode desenvolver atividades comerciais ou de serviços e gerando rendimento complementar. Pretendemos incentivar os circuitos curtos com os mercados locais, mas essencialmente também criar novos canais, a nível de comércio eletrónico ou outros, que possam permitir uma maior fluidez e encaminhamento de produtos agrícolas até ao mercado, aproximando o produtor do consumidor e tentando que o produtor saiba mais facilmente quais são as opções que o consumidor valoriza no mercado”, referiu.

Num concelho, como o da Trofa, cujo território “é 80% de terrenos agrícolas e florestas”, Carlos Duarte, que também é presidente da Forestis – Associação Florestal de Portugal, alertou para a importância de criar “valor económico nos espaços florestais”, através do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos agricultores, sobretudo no contexto das alterações climáticas: “Os agricultores estão a gerir esse território, conseguindo não só valorizar a paisagem, mas também assegurar alguma capacidade de armazenagem de dióxido de carbono no solo, através da matéria orgânica acumulada e toda a matéria orgânica no solo, assim como ao sequestro de carbono, quer ao nível das florestas, quer da agricultura. Por isso, além dos produtos que possam colocar no mercado, eles devem ter um rendimento também derivado dessa boa gestão e das preocupações ambientais e com externalidades positivas para aquilo que é o bem comum, o bem coletivo de toda a comunidade”.

A necessidade de uma gestão mais ativa das áreas florestais e a criação de modelos de gestão agrupada foram outras das propostas deixadas por Carlos Duarte, que elogiou o percurso da COOPAVE e reforçou o papel das cooperativas na construção de soluções inovadoras para o setor.