Assembleia extraordinária do Trofense aprova venda da SAD a novo investidor

Cerca de uma centena de associados do Clube Desportivo Trofense participaram, esta segunda-feira, na assembleia geral extraordinária convocada para deliberar sobre a proposta de alienação de 80% da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) a um novo investidor.

Em cima da mesa esteve a oferta apresentada pela empresa TSC – Trof Sports Center, que propôs adquirir a maioria do capital da SAD por 3,125 milhões de euros. Do montante global, 1,8 milhões correspondem às ações e 1,325 milhões aos terrenos atualmente afetos à estrutura desportiva do clube. Está ainda previsto o pagamento de 125 mil euros a título de sinal, sendo o valor remanescente destinado à liquidação de dívidas no âmbito do Processo Especial de Revitalização (PER) em que a sociedade se encontra.

O plano financeiro apresentado pela TSC prevê a liquidação de três milhões de euros de passivo, divididos entre 1,8 milhões para credores privados e 1,2 milhões para o Estado, através das Finanças e da Segurança Social. O documento inclui também a possibilidade de a hipoteca existente sobre o estádio ser transferida para o futuro complexo desportivo, caso venha a ser construída uma nova infraestrutura.

A proposta determina ainda que o novo investidor assegure o financiamento mensal das operações da SAD, no valor de 120 mil euros, verba que não será dedutível ao preço de compra.

O projeto contempla igualmente a construção de um novo estádio, cujo investimento será garantido pela TSC, mantendo-se, contudo, a propriedade do recinto sob a alçada do CD Trofense.

A TSC – Trof Sports Center, com sede no Estádio do Trofense, é composta por várias entidades e investidores, entre os quais a Brights Height, Unipessoal Lda., de Anderson Gonçalves, a NSS – New Solution Sports SA, sediada em Vila do Conde e administrada por Eloi Aves, e ainda Vítor Hugo Teixeira. A futura administração da SAD será liderada por Hugo Ferreira, atual presidente da SAD, Ana Monteiro e um novo elemento em representação do grupo investidor.

Durante a assembleia, vários associados colocaram questões à direção, manifestando preocupações quanto aos termos contratuais e à proteção dos interesses do clube neste processo de venda.

A sessão contou ainda com a presença de praticamente todos os jogadores do plantel principal.

A proposta de venda foi aprovada pelos associados com 60 votos a favor, 19 contra e 13 abstenções, num total de 92 sócios com mais de um ano de filiação e, portanto, com direito a voto.

Nova venda, depois de em agosto ter caido por terra a venda a outra empresa

Recorde-se que o atual processo surge depois de os associados terem aprovado, em agosto, a venda de 80% da SAD ao grupo norte-americano S&A Sports Group, liderado por Henrique Sereno.

O negócio, contudo, acabou por não se concretizar, tendo o clube anunciado a resolução do contrato-promessa de compra e venda, alegando “falhas graves” por parte dos investidores.

Em 25 de setembro, a direção do Trofense promoveu uma sessão de esclarecimentos aos sócios para explicar os motivos da rutura. O presidente Paulo Monteiro referiu que o acordo assinado a 20 de junho previa que o grupo de Sereno assumisse as dívidas da SAD, regularizasse salários e financiasse a época desportiva, além de se comprometer à construção de um novo estádio, cuja propriedade se manteria no clube.

Segundo Monteiro, as obrigações não foram cumpridas, com salários em atraso e alterações ao contrato final que, alegadamente, contrariavam o que fora aprovado pelos sócios — incluindo a transferência imediata da propriedade do estádio para a SAD e a dedução de despesas ao preço de compra.

Em sentido oposto, Henrique Sereno apresentou uma versão diferente, acusando o clube de incumprimento contratual e garantindo que a sua empresa cumpriu integralmente o acordo, tendo pago um sinal de 50 mil euros e assumido despesas superiores a 140 mil euros. O ex-futebolista afirmou que o grupo está preparado para avançar com ações judiciais, caso o contrato final não seja reconhecido.