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Edição 431

ASAS desenvolve projeto de reintegração social de ex-dependentes

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O Dia Internacional da Luta Contra o Abuso e Tráfico de Droga assinala-se a 26 de junho. O NT foi saber como está o único projeto concelhio que trabalha para reintegrar, socialmente, ex-dependentes.

O concelho da Trofa foi identificado como sendo um concelho lacunar ao nível da intervenção com doentes alcoólicos e toxicodependentes. Para a colmatar, a Associação de Solidariedade e Acção Social de Santo Tirso decidiu avançar com o projeto (Re)Inserir na Trofa, que permitiu criar “resposta social multidisciplinar” que, para além de uma “intervenção integrada” no público-alvo, serviu também para “sensibilizar a população para a problemática das dependências”. Este “conceito inovador” visava a aplicação de um conjunto de respostas variadas e integradas em parcerias intra-concelhias e teve a participação de “47 pessoas”. Segundo Natércia Rodrigues, coordenadora técnica do Centro Comunitário da Trofa da ASAS, “25” dos utilizadores conseguiram “a abstinência total”.

O aumento da autoestima e da autoconfiança, importantes para a reintegração do contexto social, foi um dos resultados apurados no último relatório efetuado pelos responsáveis do projeto. “Note-se ainda o papel fundamental que o projeto tem vindo a reforçar junto destes utilizadores no que concerne aos fatores de proteção que lhes permite criar e solidificar um conjunto de competências, aumentando a capacidade de resiliência face à recaída, diminuindo paralelamente os fatores de risco”, evidenciou. De acordo com o relatório, os utilizadores tiveram várias conquistas, entre elas, a “melhoria da qualidade dos laços familiares, que se encontravam fragilizados ou em situação de pré-rutura”, o “fomento de momentos de interação positiva e envolvimento intrafamiliar” e a alteração “da postura sobre a sua forma de estar na vida, nomeadamente na procura de respostas para o seu bem-estar físico”.

O projeto permitiu ainda que “os utilizadores construíssem redes de relações com figuras da comunidade diferentes das do mundo da dependência”, afastando-os dos ambientes de risco e contribuindo para a adoção de valores como “o respeito, a lealdade e entreajuda”.

As redes de amizade também saíram fortalecidas, “proporcionando que colegas que iriam passar as festas de Natal e Ano Novo sozinhos, o passassem em conjunto”, destacou Natércia Rodrigues.

“Ao longo do desenvolvimento do projeto, foi possível verificar uma evolução positiva face aos consumidores em processo de reinserção, principalmente ao nível da motivação para a manutenção da abstinência ou redução dos consumos. Estas mudanças verificam-se sobretudo num conjunto de atitudes e comportamentos diferentes que os utilizadores têm vindo a adotar e refletem-se numa escolha mais seletiva das amizades, privilegiando indivíduos que não consomem, ou que pelo menos se encontrem na mesma situação dos próprios relativamente aos consumos”, explicou.

Entre outros resultados, o (Re)Inserir Trofa ficou marcado pelo “envolvimento das entidades parceiras na procura do projeto como uma resposta efetiva e de referência para a problemática das dependências”.

 

Projeto continuou mesmo sem apoio estatal

 

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“A manutenção de trabalho com este público-alvo é fundamental manter, pois trata-se de uma problemática que se encontra constantemente na iminência de recaída, e a existência de uma equipa, paralela às consultas e com quem cada um pode contar, é fundamental quer para a prevenção da recaída, quer para a motivação e envolvimento para o tratamento e recuperação”, sublinhou a coordenadora. Por isso, o projeto, cujo período de vigência terminava em janeiro de 2013, continuou a ser desenvolvido, sem apoios estatais, mas com o empenho dos utilizadores e a colaboração de entidades externas, como a Academia Municipal Aquaplace, que permite a utilização da piscina, uma vez por semana.

“Os próprios utilizadores mobilizaram-se entre si para que todas as ações fossem possíveis de executar, nomeadamente os almoços, onde cada um contribui com um valor simbólico que, no seu conjunto, permite que se continuem a realizar os almoços-convívio preparados e organizados por eles”, asseverou.

Atualmente, a ASAS conta com a participação regular de “22 utilizadores”, com idades compreendidas entre os 24 e os 58 anos, em atividades como o grupo de autoajuda, os almoços e as aulas de piscina. Também “participam e apoiam ativamente na dinâmica diária do Centro Comunitário, quer em festas e em convívios, quer mesmo no tratamento do jardim, por exemplo”. “O serviço de balneário e lavandaria social é outra resposta ainda solicitada por alguns dos elementos do grupo”, acrescentou.

Apesar de não abranger utilizadores à “escala industrial”, esta resposta social torna-se importante para a construção de uma sociedade melhor. “Não se pode considerar a recuperação do álcool ou da toxicodependência seja um ciclo, mas sim um processo contínuo no tempo e que dura para a vida toda. Contudo, daqueles que conseguem ter e manter este processo, o feedback que temos tido não passa muito pela integração profissional, pelas razões conhecidas por todos, mas mais pelas relações familiares restabelecidas e pelas amizades que percebem neste momento como sendo válidas e verdadeiras. Todos estes progressos são conseguidos pelo aumento da autoestima que foi a ‘alavanca’ para o sucesso pessoal de cada um”, concluiu.

 

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