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Edição 635

António Costa e as suas matreirices

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O homem que está ao leme da governação do país é um político profissional com uma longa história nos meandros do poder e no partido que milita desde a adolescência. Foi na juventude partidária que aprendeu a arte da guerrilha, a manipulação de factos, o uso de trocadilhos na comunicação, as retiradas estratégicas e o abuso de truques de marketing político, que o leva a afirmar que o mérito é seu quando as coisas correm bem, mas a culpa é dos outros ou do seu antecessor quando as coisas correm mal.
António Costa com as suas matreirices geniais, com a sua arte de sedução tornou-se um “expert” na prática de jogos políticos e conseguiu guindar-se ao topo do poder, depois de ter derrubado com pouca ética o seu antecessor na liderança do partido, com a acusação que ele tinha ganho duas eleições por “poucochinho”. Só que Seguro tinha ganho duas eleições e foi corrido da liderança do partido, enquanto Costa conduziu o seu partido a um péssimo resultado eleitoral, a uma estrondosa derrota eleitoral, a um dos piores resultados eleitorais de sempre do seu partido. Mesmo assim conseguiu ser nomeado primeiro-ministro, casando com os partidos à sua esquerda, silenciando e esvaziando com toda a naturalidade quer os comunistas quer os bloquistas.
António Costa que é um verdadeiro artista foi guindado ao mais alto cargo da governação do país e tem conseguido passar por entre os pingos da chuva sem se molhar, como conseguiu passar incólume quando foi ministro do pior governo que Portugal teve nas últimas décadas, o governo de má memória, o governo socrático.
Perante a maior tragédia que aconteceu em Portugal, devido aos incêndios de Verão, Costa passou muito ao lado do incêndio e só se chamuscou ao de leve. O famigerado e malfadado SIRESP, que tem originado graves problemas no combate aos incêndios, não tem funcionado de forma eficaz, é caro, não é fiável e foi renegociado pelo governo socrático, pelo número dois do governo, pelo Ministro da Administração Interna, António Costa. Só que numa atitude patética, sem pudor, com falta de escrúpulos, de um egocentrismo aterrador e um narcisismo primário, tem recusado tirar ilações políticas e humanas da tragédia utilizando trocadilhos na comunicação para tentar explicar o inexplicável.
Talvez só daqui a um ano é que Costa vá tirar ilações, como aconteceu com os seus Secretários de Estado que viajaram por conta da “Galp”, para assistirem ao jogo de futebol Portugal/Hungria, em França e se recusaram a demitir. Passado um ano é que apresentaram a sua demissão, porque foram constituídos arguidos num processo movido pelo Ministério Público.
António Costa manipulou os factos e abusou dos truques de marketing político, para contra-atacar com argumentos de guerrilha política ao insultar e diabolizar quem o confrontou com os trágicos acontecimentos, utilizando uma arrogância atroz para os apelidar de “antipatrióticos” e até de “macabros”. Tudo isto para abafar a sua ida a banhos para uma praia mediterrânica em plena catástrofe (só gosta de dar a cara nos momentos bons), a situação de milhares de hectares ardidos e dezenas de mortos nos incêndios (a maior vergonha do atual regime democrático), a falta de consciência da parte do governante em não querer entender que não há mortos diretos ou indiretos, mas sim mortos.
A estratégia de trocadilhos na comunicação também foi utilizada pela governação nos cortes na saúde, nos cortes na prevenção dos incêndios, na manipulação dos números do défice, no aumento assustador da dívida pública, no episódio rocambolesco e caricato do roubo das armas no quartel em Tancos (com a demissão e posterior readmissão de cinco comandantes militares), na nomeação de 30 chefias e do seu amigo de longa data para presidir à Autoridade Nacional de Proteção Civil (com um ambiente de mal-estar nos funcionários que estão indignados com o comando da estrutura e com as falhas que foram cometidas durante os últimos incêndios).
Foi esta mesma estratégia de trocadilhos que António Costa utilizou na decisão no seio da União Europeia de votar contra as sanções à Venezuela (Portugal foi o único país da UE que se opôs a essas sanções), na queda de um helicóptero no combate a um incêndio, na não divulgação da lista das vítimas dos incêndios, na “lei da rolha” imposta aos comandantes dos bombeiros, na descredibilização das instituições (com o ataque ao Banco de Portugal e ao Conselho de Finanças Públicas) e no envio de 2 milhões de cartas (em que se vai gastar mais de 1,5 milhões de euros), para propagandear o aumento de vinte cêntimos diários nalgumas pensões.
E o país assiste incrédulo ao espetáculo de António Costa, com as suas matreirices habituais. É o regresso da narrativa socrática. É a promiscuidade dos truques políticos!

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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