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Crónicas e opinião

Ansiedade: o sofrimento silencioso

Reconhecer que a ansiedade é parte da condição humana não significa aceitá-la como o fim, mas compreendê-la como sinal do corpo e da mente.

Sandra Maia

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A ansiedade, muitas vezes descrita como o “mal” dos tempos modernos, é tema de conversa nos mais variados contextos, seja pelos múltiplos profissionais que operam na área da saúde, nas publicações das redes sociais ou nas simples conversas do dia-a-dia.

Sensações de coração acelerado, respiração ofegante, pensamentos demasiadamente projetados no futuro e com tendências para ver a parte negativa (de coisas que não aconteceram e que se calhar nunca vão acontecer), fazem parte da rotina de muita gente que se familiariza com esta condição e, por isso, porque sente, refere-se a ela com muito à-vontade.

Apesar de muitas vezes a ansiedade ser descrita de forma pejorativa, na verdade funciona como um alarme interno, como uma resposta adaptativa do organismo, que mobiliza recursos cognitivos e fisiológicos para agir perante uma situação. Sem esta reação natural, diante de situações de incerteza ou de ameaça, dificilmente conseguiríamos tomar decisões importantes; fazer as avaliações; focar nas entrevistas de emprego; conhecer pessoas novas, etc.

O problema surge quando esse alarme, que deveria ecoar apenas em momentos específicos, permanece sempre ligado e passa a manifestar-se de modo recorrente, intensamente e, muitas vezes, de forma debilitante.

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Neste cenário, o que deveria ser uma estratégia de sobrevivência converte-se numa fonte de sofrimento. Algumas pessoas, quando manifestam estados ansiosos persistentes, podem comprometer a atenção, a memória, a qualidade do sono e as relações interpessoais, criando um ciclo que “alimenta” ainda mais a sensação de vulnerabilidade, nomeadamente a outras doenças, como do sistema cardiovascular, imunitário, entre outros.

O ponto crítico, portanto, não se manifesta na ansiedade em si, mas na sua intensidade e persistência. Quando o alerta deixa de ser proporcional ao contexto, conduz a um estado de vigilância constante, podendo dar origem ao sofrimento psicológico, consequente desse desequilíbrio, levando a que a pessoa deixe de usufruir da vida quotidiana com o prazer da tranquilidade.

Esta falta de tranquilidade, que na sociedade atual está marcada pelo excesso de informação, de pressa e de exigências de desempenho constante, contribui para que a ansiedade ganhe terreno fértil. Assim, somos estimulados a antecipar o futuro, a calcular riscos e “formatados” para nunca errar (procurando atingir a perfeição exagerada), levando a que o corpo responda como se estivesse diante de um perigo real.

Reconhecer que a ansiedade é parte da condição humana não significa aceitá-la como o fim, mas compreendê-la como sinal do corpo e da mente. Assim, a psicologia ensina que se deve aprender a lidar com a ansiedade e começar por reconhecer como esta se manifesta. Por outro lado, perceber que recursos internos cada um tem para lidar com a sua manifestação, ou seja, mais do que eliminar a ansiedade, trata-se de transformá-la numa experiência compreensível, ajudando a pessoa a perceber que é “dona” da sua história, da sua vida, dos seus pensamentos, permitindo criar novos significados para a sua experiência.

Algumas das estratégias para lidar com a ansiedade são as técnicas de respiração, as práticas de atenção plena e as mudanças no estilo de vida, procurando um estilo de vida saudável alicerçada no sono regenerador, na prática de exercício físico e numa boa alimentação. E, sem preconceitos, se necessário, recorrer ao acompanhamento de profissionais para ajudar no equilíbrio.

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