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Alimentar a comunidade, combatendo o desperdício (c/ vídeo)

Os voluntários da Refood Trofa recolhem, triagem e distribuem alimentos a quem mais precisa, transformando excedentes em solidariedade e promovendo uma cultura de consciência e partilha na comunidade.

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Num tempo em que o desperdício alimentar continua a ser um problema global, há uma organização na Trofa que prova, diariamente, que é possível fazer diferente. Os voluntários da Refood Trofa recolhem, triagem e distribuem alimentos a quem mais precisa, transformando excedentes em solidariedade e promovendo uma cultura de consciência e partilha na comunidade.

Como um formigueiro meticulosamente organizado, onde cada elemento conhece a sua tarefa ao pormenor, assim funciona o núcleo da Refood Trofa. Quando o relógio marca as oito da noite, o armazém cedido pela APPACDM – e conseguido graças a uma benfeitora – transforma-se num centro de operações com ritmo próprio: enquanto uns preparam cabazes, outros ocupam-se da limpeza de tupperwares e frigoríficos. Mais tarde, quando a equipa do exterior chega com os donativos, uns fazem a triagem dos alimentos, outros limpam e armazenam. É um ciclo de trabalho que se repete diariamente, com a mesma precisão de sempre. Tudo é feito com um propósito: combater o desperdício alimentar e ajudar quem mais precisa.

“Começamos por verificar o que temos nos frigoríficos, verificar a qualidade dos alimentos e começar a construir os cabazes. Tentamos sempre garantir variedade: fruta, legumes, comida confecionada… Queremos que cada família receba um cabaz equilibrado”, explica Fernanda Silva, coordenadora da Refood Trofa.

Inicialmente, o movimento Refood surgiu com o objetivo de recolher excedentes de comida confecionada de restaurantes. Contudo, com o tempo, a realidade foi impondo outras necessidades e a ação foi ajustada. “Os próprios restaurantes perceberam o desperdício que tinham e, gradualmente, começaram a reduzi-lo. Isso acabou por valorizar ainda mais o nosso trabalho e fez-nos alargar a nossa intervenção”, refere Fernanda Silva.

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Hoje, o foco da Refood Trofa está na entrega de cabazes alimentares adaptados às necessidades de cada família, promovendo também a educação alimentar. “Queremos que as pessoas aprendam a gerir melhor os alimentos em casa, a evitar o desperdício e a diversificar a sua alimentação. Esta experiência também nos transforma enquanto voluntários, faz-nos pensar duas vezes antes de deitar comida fora em casa”, admite.

O processo logístico é exigente e começa cedo: duas pessoas percorrem diariamente, cerca de 25 quilómetros, para chegar até restaurantes, hipermercados e padarias e recolher alimentos que, de outra forma, seriam desperdiçados. À chegada ao armazém, os produtos são separados, pesados, triados e armazenados. Nada se perde: “Tudo o que não é próprio para consumo humano é encaminhado para alimentar animais. O que não é reciclável é muito pouco, normalmente um saco de lixo doméstico por dia chega”, explica a coordenadora.

Desde o início do ano, a Refood Trofa recolheu cerca de 42 toneladas de alimentos. Este apoio chega diretamente a mais de 190 pessoas, através de cerca de 80 famílias acompanhadas semanalmente. Para além disso, as instituições sociais do concelho também recebem parte das recolhas, aumentando o alcance do apoio.

Voluntários precisam-se para o fim de semana

O projeto conta atualmente com 66 voluntários, mas há desafios que persistem. “Precisamos de reforçar as equipas ao fim de semana. Sabemos que é um período dedicado à família, mas é precisamente quando há mais necessidade de mãos a ajudar”, apela Fernanda Silva.

Outras necessidades são as caixas herméticas para o transporte e conservação dos alimentos. “Às vezes, as pessoas avaliam a qualidade da comida pela embalagem. Precisamos de caixas adequadas, para garantir que tudo chega nas melhores condições”, ressalvou.

Em maio, a Refood Trofa realizou o primeiro encontro de voluntários, um momento de convívio e partilha que ajudou a fortalecer os laços entre quem contribui diariamente para esta causa. “Foi muito importante para todos se conhecerem melhor. Muitos trabalham em dias diferentes e nunca se cruzam, apesar de fazerem parte do mesmo projeto”.

O percurso da Refood Trofa tem sido um exemplo de crescimento sustentado e de adaptação às necessidades da comunidade. O núcleo começou com um pequeno grupo de voluntários e com o apoio de outros núcleos vizinhos, como o de Vila Nova de Famalicão, foi ganhando experiência e estruturando as suas operações. Primeiro, funcionou num espaço cedido por um casal de voluntários, que apesar das limitações, permitiu dar os primeiros passos, numa casa desabitada, na Esprela, S. Martinho de Bougado. Mais tarde, surgiu a oportunidade de se instalar no atual centro de operações, um espaço mais amplo e funcional, fruto da generosidade de quem reconheceu o impacto do trabalho desenvolvido. Ao longo do tempo, a equipa cresceu, as rotinas foram aperfeiçoadas e a resposta à comunidade tornou-se mais eficaz e abrangente.

Com a mesma disciplina de um formigueiro e uma generosidade que não conhece descanso, a Refood Trofa continua, dia após dia, a levar alimento e esperança à mesa de quem mais precisa.

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