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Linha do Equilíbrio: Menopausa: um novo capítulo na vida da Mulher!

Estudos apontam que muitas mulheres vivenciam a menopausa como ameaça à feminilidade e à autoestima, sobretudo em contextos socioculturais que valorizam a juventude e a capacidade reprodutiva como centrais à identidade feminina.

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Quando se fala em menopausa, quase sempre a primeira associação é aos sintomas físicos: mudanças hormonais e a consequente perda da menstruação, “ondas” de calor, alterações do peso, entre outros sintomas. Enquanto fenómeno biológico, a menopausa pode variar entre os 45 e 55 anos de idade, sendo que este período da vida da mulher vai muito além dos aspetos fisiológicos, pois envolve também dimensões emocionais, relacionais e culturais que merecem a análise da psicologia.

Do ponto de vista psicológico, a menopausa está frequentemente associada às alterações emocionais e as flutuações de humor como irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos e ansiedade. Paralelemente a estes fatores, a mulher pode sentir insónias ou sentir que o descanso é fragmentado ou insuficiente, o que impacta diretamente o humor, a memória, a disposição e até a forma como a mulher se relaciona consigo mesma e com os outros. Estas alterações e a sua transformação corporal pode ser interpretada pela mulher como sinal de envelhecimento e perda de vitalidade, ativando angústias ligadas à finitude e à identidade pessoal.

Estudos apontam que muitas mulheres vivenciam a menopausa como ameaça à feminilidade e à autoestima, sobretudo em contextos socioculturais que valorizam a juventude e a capacidade reprodutiva como centrais à identidade feminina. Muitas vezes, a menopausa vem acompanhada da ideia de perda da fertilidade, da juventude e da sensualidade que, quando associada à diminuição do desejo, pode agudizar estes sentimentos e a insegurança.

Simultaneamente, a menopausa pode coincidir com as transições de ciclos de vida, ou seja, com a saída dos filhos de casa, com mudanças no papel conjugal, com as alterações na profissão, ou até mesmo desemprego, que podem potenciar, ainda mais, as crises existenciais.

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Sabemos que parte desses efeitos são comuns, mas é importante debruçar a atenção para os significados atribuídos à experiência, para que as mulheres possam construir novos significados mais positivos ligados a esta nova etapa da sua vida. Nesse sentido, a menopausa pode ser concebida não apenas como uma “perda”, mas como oportunidade de redefinição, permitindo a construção de uma narrativa de vida mais autónoma e menos condicionada a padrões normativos.

Esta etapa pode despertar sentimentos ambíguos: por um lado, a sensação de finitude de um período e por outro a possibilidade de uma vida mais autónoma e livre de antigos papéis sociais, podendo dar origem a uma fase emancipadora para a mulher e de descoberta de novas formas de se cuidar.

Falar sobre menopausa de forma aberta é fundamental para quebrar tabus e ampliar o acesso aos cuidados. A menopausa não precisa de ser encarada como uma “inimiga”, mas sim como um convite à reinvenção de uma identidade, passando a mulher a olhar para si mesma com mais carinho, aprendendo a rever prioridades e a descobrir novas possibilidades de viver.

O corpo muda, mas a vida continua cheia de caminhos e de oportunidades!

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